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Intolerância

Discussões de trânsito levadas às últimas consequências são comuns. Veja alguns casos recentes:

> 2 de setembro de 2009 – Uma briga de trânsito na Avenida República Argentina em Curitiba, terminou com uma pessoa ferida por um canivete. O agressor seria um professor de 61 anos e o agredido, um jovem de 23.

> 15 de junho de 2009 – O filho do motorista de um carro e três ocupantes de um caminhão trocaram socos, chutes e até pauladas depois que o caminhão parou no meio de uma rua, no bairro Bom Retiro, em Curitiba, atrapalhando a passagem do carro. A cena foi flagrada pela RPCTV.

> 11 de abril de 2009 – Um funcionário da Polícia Civil de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, atirou contra um casal depois que levou uma buzinada no sinaleiro.

> 16 de julho de 2008 – O motorista de caminhão Diogo da Costa Affonso, 20 anos, atropelou e matou o motoboy Odair de Souza Muniz, 31 anos, após uma discussão de trânsito na Rodovia Castello Branco, em Barueri, na Grande São Paulo. O caminhoneiro perseguiu o rapaz por 3 km e só freou após passar por cima da motocicleta.

> 27 de maio de 2008 – O aposentado Itamar Campos Paiva, 45 anos, se entregou à polícia e disse ter agredido em legítima defesa, quatro dias antes, o gerente de compras André Luiz Reuter Lima, 45 anos, com um golpe de barra de ferro na cabeça, após uma discussão de trânsito na Tijuca, zona norte do Rio.

> 5 de outubro de 2007 – A fonoaudióloga Rosângela Sicuro é atingida por um extintor de incêndio em uma desavença no trânsito e fica cega. A confusão ocorreu no Centro de Curitiba.

Embora a discussão no trânsito continue a ser a principal hipótese para a morte do auxiliar de produção Adilson dos Santos, 26 anos, no sábado, em Pinhais, a polícia investiga também a possibilidade de uma desavença anterior entre Santos e um dos autores do crime. A vítima dirigia um Palio, atingido por um Gol no Jardim Weisópolis, por volta de 21 horas. Santos e o motorista do Gol teriam discutido e o condutor do Gol teria ido até um bar próximo para chamar dois amigos, que teriam chegado em duas motos. Um deles teria atirado cinco vezes contra Santos, que morreu no local.

Segundo moradores da região, a batida e a discussão no trânsito poderiam ter sido apenas a válvula de escape para uma confusão iniciada pouco antes do acidente. De acordo com relatos, Santos e o condutor do Gol estavam num bar da região e teriam iniciado uma briga já ali. Quando Santos foi embora, o condutor do Gol teria saído em seguida e acertado o Palio do auxiliar de produção, que estava com a mulher.

Segundo as investigações, os rapazes envolvidos na discussão são moradores da região. O proprietário do Gol já foi identificado e está sendo procurado pela polícia. Os rapazes das motos também estão sendo procurados, mas por enquanto o que se sabe sobre eles são apenas suas características físicas – um é moreno alto, tem cabelo comprido e costuma usar uma jaqueta de couro, enquanto o outro é moreno claro.

Logo depois dos tiros, uma multidão se formou em volta do corpo de Santos. "Eu fiquei arrasada. Naquela noite sonhei que o rapaz estava sendo velado dentro da minha casa", afirma uma mulher que mora próximo ao local do crime e diz ter ficado chocada com as cenas que viu.

De acordo com o superintendente da Delegacia de Pinhais, Ninrod Valente, nos próximos dias a polícia vai ouvir as testemunhas do caso e vai em busca dos três suspeitos de envolvimento no crime. Depois de ouvi-los é que se chegará a uma conclusão para saber se o autor dos disparos agiu em legítima defesa ou cometeu homicídio qualificado (motivo fútil). Se ficar comprovado que houve homicídio qualificado, o autor dos disparos pode ser punido com uma pena de 12 a 30 anos de reclusão.

Risco

A coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Uni­versidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen, alerta: en­­volver-se em uma discussão de trânsito é perigoso e o risco de a situação terminar em tragédia é alto. "Se você se vê em uma situação difícil e percebe que a outra pessoa perdeu a razão, é melhor não disputar", aconselha.

Os estudos conduzidos por Iara revelam que, no trânsito, os motoristas tendem a acreditar que o espaço público lhes pertence. "O espaço público é tornado individual, privado. As pessoas acreditam que o espaço é delas, que podem dirigir do jeito que elas quiserem e ninguém pode falar nada", explica. "Quando alguém fala alguma coisa, elas se sentem agredidas e reagem com agressividade. Elas estão defendendo um território que elas acham que é delas", afirma a psicóloga.

Serviço:

A Associação TrânsitoAmigo, que reúne amigos e parentes de vítimas de trânsito, promove no próximo domingo, no parque Barigui, em Curitiba, às 11 horas, um ato ecumênico para marcar o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.

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