Imagem mostra a chegada do goleiro Bruno à penitenciária em Belo Horizonte: acusação de sequestro e lesão corporal| Foto: Alex de Jesus / Reuters

A Delegacia de Homicídios de Contagem (MG) descobriu uma nova personagem que pode desvendar o misterioso crime que envolve a morte da ex-amante de Bruno Fernandes, Eliza Samudio. A loira de aparelho nos dentes chamada Fernanda seria uma ex-amante do goleiro, segundo informações do jornal O Dia. Além de Bruno, que é acusado de ter planejado o crime, outras noves pessoas estão presas.

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O nome de Fernanda já havia sido citado ao longo das duas semanas de investigações. Sua participação, porém, tornou-se efetiva após o depoimento prestado pelo primo de Bruno, de 17 anos. Segundo informou O Dia, o menor disse que a moça estaria na casa onde Eliza e seu filho de quatro meses foram levados, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. A jovem teria, inclusive, seguido com Bruno para Minas Gerais no fim da noite do dia 5. Eliza teria sido sequestrada na porta do hotel na Barra da Tijuca, na noite de 4 de junho, e morta cinco dias depois em um sítio em Minas Gerais.

Justiça negou em 2009 proteção para Eliza

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Segundo o O Globo Online, embora a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá tenha requerido à Justiça que o goleiro Bruno fosse mantido longe da ex-amante Eliza Samudio, o 3º Juizado de Violência Doméstica negou o pedido. Em sua decisão, a juíza titular Ana Paula Delduque Migueis Laviola de Freitas diz que Eliza, por não manter qualquer tipo de relação afetiva, familiar ou doméstica com o jogador, não podia se beneficiar das medidas protetivas, nem "tentar punir o agressor", no caso Bruno, "sob pena de banalizar a finalidade da Lei Maria da Penha".

Em seu depoimento na Deam, no dia 13 de outubro de 2009, Eliza disse que tinha "ficado" com Bruno, explicando, a pedido da delegada da época, o significado da palavra: manter relações sexuais. Mais adiante, a vítima, grávida de cinco meses, detalha a agressão e o cárcere privado em que foi mantida, além do fato de o goleiro ter dado a ela substâncias abortivas, no dia anterior ao registro policial.

A juíza Ana Paula encaminhou o caso para uma das varas criminais, relatando em sua sentença que a Lei Maria da Penha "tem como meta a proteção da família, seja ela proveniente de união estável ou do casamento, bem como objetiva a proteção da mulher na relação afetiva, e não na relação puramente de caráter eventual e sexual". O fato de Eliza estar grávida não foi analisado na decisão, assinada pela juíza em 19 de outubro do ano passado.

Depois de o 3º Juizado de Violência Doméstica negar o afastamento de Bruno, o inquérito de Eliza só foi concluído pela Deam e encaminhado à Justiça quase nove meses depois - uma gestação. Além da demora na confecção do laudo toxicológico de Eliza, a fim de comprovar o crime de tentativa de aborto - só concluído depois do desaparecimento dela, que veio à tona em 24 de junho -, o goleiro demorou para se apresentar à Deam, sob o pretexto de que estava concentrado nos treinos, principalmente por causa dos jogos do Campeonato Brasileiro.

O Ministério Público também, por sua vez, pediu o inquérito apenas duas vezes, em nove meses, para cobrar o laudo. Na última delas, foi provocado pela informação, veiculada na imprensa, de que Bruno dera a seguinte declaração, em março deste ano, defendendo o jogador Adriano: "Quem nunca saiu na mão com a mulher?".

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Foi também provocada pela imprensa que a titular da Deam, Silvana Braga - a terceira delegada a cuidar do caso na especializada-, concluiu o inquérito sem o laudo do Instituto Médico-Legal e o enviou ao MP, na semana passada. O laudo só saiu na última terça-feira. Por causa disso, Bruno e o cúmplice Macarrão foram denunciados no dia seguinte pelo promotor de Justiça Alexandre Murilo Graça, por cárcere privado e lesão corporal, já que o laudo do IML não afirmou com precisão se Eliza tomou substância abortiva.

Na decisão do juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, que decretou a prisão de Bruno e Macarrão, ele analisou a natureza agressiva e a periculosidade do jogador. Ao fundamentar a sua sentença, o juiz ressaltou um trecho do depoimento de Eliza à Deam, no qual ela conta que o goleiro teria dito: "(...) Você não me conhece e não sabe do que eu sou capaz, pois eu venho da favela".

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