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Ao todo, 35 pessoas foram detidas por envolvimento com o jogo ilegal | Lula Marques/Folhapress
Ao todo, 35 pessoas foram detidas por envolvimento com o jogo ilegal| Foto: Lula Marques/Folhapress

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e mais 34 suspeitos de envolvimento com o jogo do bicho e a exploração de máquinas caça-níqueis em quatro estados e no Distrito Federal foram presos ontem pela Polícia Federal (PF) na Operação Monte Carlo. Entre os detidos, dois delegados da PF, seis delegados da Polícia Civil e cinco oficiais da Polícia Militar de Goiás, além de soldados, agentes e servidores públicos, um deles do Poder Judiciário.

Segundo a PF, o líder do grupo é Cachoeira, que ficou conhecido em 2004 após divulgação de vídeo que o flagrou oferecendo propina a Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu. Diniz foi afastado e anos depois condenado por corrupção. O caso foi o primeiro escândalo do governo Lula.

Maior bicheiro do Centro-Oes­te, Cachoeira é também um notório financiador de campanhas. Ele foi preso em sua casa, em Goiânia, por volta das 6 horas e não ofereceu resistência. Seu advogado, Ri­­cardo Sayeg, considerou a prisão "abusiva" e a operação "superdimensionada". Ontem entrou com pedido de habeas corpus. "O ato de que ele é acusado é mera contravenção, coisa para juizado de pe­­quenas causas e sequer dá detenção", explicou.

Conforme a investigação, policiais e militares recebiam propinas regulares – semanais e mensais – para dar proteção aos explorado­­res da jogatina, vazar informações sobre ações repressivas e despistar as fiscalizações. O valor da propina variava conforme a patente do mi­­litar ou a função do policial. As maio­­­res fatias iam para os delegados, que recebiam até R$ 4 mil mensais. Um soldado ganhava entre R$ 180 e R$ 200 por dia de serviço. Já um sargento recebia diárias de R$ 300.

A proteção dos homens da lei permitia que os bandidos agissem praticamente sem serem importunados. As ações de repressão eram mera simulação combinada com os bandidos para dar à sociedade a falsa sensação de que a polícia estava agindo. "Às vezes, essas ações eram a mando da própria organização para destruir grupos rivais e manter o negócio cartelizado", explicou o delegado Matheus Rodrigues.

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