• Carregando...

Nove dias após o corpo do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 19 anos, filho do jornalista esportivo Vinicius Coelho, ser encontrado num matagal em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, a Polícia Civil apresentou ontem três acusados de participação no crime. Os detidos são vigias da empresa Centronic Segurança e Vigilância. Marlon Balem Janke, 30 anos – apontado como o autor dos disparos –, Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 26 anos, e Eliandro Luiz Marconcini, 25 anos, ainda teriam torturado o rapaz na sede da empresa antes de executá-lo.

Os três acusados estão detidos na Delegacia de Almirante Tamandaré. Outros três vigilantes são suspeitos de participar da tortura. Um deles está preso no 1.º Distrito Policial. Com ele, foi apreendida uma arma clandestina.

Segundo o delegado de Almirante Tamandaré, Jairo Estorílio, quando desapareceu, no dia 2 de outubro, após assistir a um jogo do Coritiba em um telão no Estádio Couto Pereira e ir com amigos a um bar, Bruno teria sido flagrado pelos vigilantes pichando o muro de uma clínica na Rua Almirante Tamandaré, no Alto da XV. O estudante teria então sido colocado dentro do porta-malas de um carro da empresa de vigilância e levado à sede da Centronic, onde foi torturado. "Os seguranças picharam o corpo dele, desferiram tapas no rosto e o xingaram", disse o delegado.

Bruno teria dito que iria denunciá-los às autoridades. "Como perceberam que a vítima era esclarecida e que sabia dos seus direitos, resolveram executá-la", explica o delegado. Janke e Marconcini teriam levado o estudante a Almirante Tamandaré e chamaram Rodrigues, que trabalha naquela cidade. Bruno foi levado a um terreno baldio, próximo à Rodovia dos Minérios, onde foi posto de joelhos e morto com dois tiros na cabeça.

A polícia chegou até os vigilantes graças às informações da família e de amigos da vítima. "Conseguimos descobrir a assinatura do Bruno na pichação feita na clínica. Levantamos que os vigias da Centronic atenderam uma solicitação de disparo de alarme naquela clínica no dia em que a vítima desapareceu", explica Estorílio.

Há suspeita de que esse não seja o único caso de abuso cometido por vigias da Centronic. Em uma gravação de vídeo de um celular apreendido com os vigias havia imagens de dois rapazes lambuzados de tinta sendo humilhados e obrigados a tirar as roupas.

O advogado de Janke, Antônio Neivo de Macedo Filho, afirma que o vigilante só vai se pronunciar em juízo. Os outros três acusados de terem participado da tortura são o supervisor de operação de monitoramento Ricardo Cordeiro Reysel, 32 anos, Emerson Roika, 34 anos (preso no 1.° DP por estar com uma pistola 380 com o registro lixado), e Leonidas Leonel de Souza, 28 anos, ambos monitores da empresa. No caso de Roika, o advogado Kalil Abboud afirma que seu cliente é inocente da acusação de tortura. "Ele nem trabalhando estava no dia em que o rapaz foi detido", ressalta.

Em nota, a Centronic afirma que os acusados não comunicaram o caso aos superiores e colegas de trabalho. Ainda segundo a nota, todos os funcionários da empresa recebem treinamento e anualmente são submetidos a exames psicotécnicos encaminhados à Polícia Federal. Quando procurada pela Polícia Civil, segue a nota, a empresa se colocou prontamente à disposição das investigações. Hoje diretores da Centronic concederão entrevista coletiva para prestar mais esclarecimentos.

Processo

O pai de Bruno pretende processar a Centronic pela morte do filho. Para o jornalista Vinicius Coelho, nada justifica a forma brutal como Bruno foi assassinado. "Foi uma tremenda barbaridade. E não há prova alguma de que ele estaria pichando o muro. Ele poderia estar apenas urinando no local", afirma.

Sobre a suspeita de que o rapaz estaria envolvido com drogas, Vinicius diz que a prisão dos vigias comprova que isso não era verdade. "Se ele estivesse envolvido com drogas, venderia coisas particulares, que estão todas aqui no quarto do Bruno", ressalta o jornalista.

Serviço: antes de contratar o serviço de segurança privada, o ideal é verificar na PF e no SindiVigilantes se a empresa é idônea e atua de forma legal. O telefone da Delegacia de Segurança Privada da PF é 3360-7671 e do SindiVigilantes é 3332-9293.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]