Polícia presente, menos mortes

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Seis meses depois da implantação do projeto Território de Paz no bairro Jardim Ipê, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba (RMC), o índice de homicídios sofreu queda de 41%. Sete mortes foram registradas entre julho e novembro de 2010, cinco a menos que no primeiro semestre do ano. Autoridades municipais e moradores estão satisfeitos com o policiamento comunitário feito na região. O projeto, carro-chefe do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do governo federal, visa transformar áreas violentas de regiões metropolitanas em redutos de cidadania por meio de ações sociais.Segundo o secretário-executivo do Pronasci, Francisco Rodrigues, o sucesso foi tão grande, que outros territórios de paz serão criados na RMC. "Vamos distribuir territórios de paz pelo país inteiro. Em 2011, devemos implantar mais 70. Um investimento de R$ 2,6 bilhões. Vamos expandir para Araucária, Colombo, Piraquara, Curitiba, Fa­­zenda Rio Grande, Almirante Ta­­mandaré e outros bairros de São José dos Pinhais", anuncia. O território de paz de São José dos Pinhais foi o primeiro instalado no Paraná e o 21.º, e último, instalado no Brasil.

Segundo o secretário de Segurança de São José dos Pinhais, Marcelo Jugend, os projetos ainda estão na fase de construção. "Mas nem por isso deixamos de intervir. Iniciamos um trabalho amplo de policiamento comunitário. O clima emocional na região melhorou muito. Tivemos uma redução significativa não apenas de homicídios, mas também nos crimes contra o patrimônio. É um processo sem volta, vamos sacramentar a pacificação definitiva dos territórios", afirma.

O Ministério da Justiça e a prefeitura investem aproximadamente R$ 4,4 milhões para a instalação do projeto em São José dos Pinhais. O programa é o mesmo que contemplou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro. Além do policiamento reforçado, o local recebe incentivos para melhorar a qualidade de vida das pessoas do bairro.

Sociedade sente mudança

Na opinião da dona de casa Juliana Oliveira Leitão, moradora do Jardim Ipê, o bairro melhorou depois da implantação do policiamento comunitário. "Com as viaturas, os policiais, a situação melhorou muito. Eu tenho uma filha de 14 anos que vai e volta sozinha da escola. Hoje eu sinto segurança porque eu sei que ela está protegida. Com o patrulhamento, nós voltamos a ter confiança na polícia. Eles voltaram a ser nossos heróis", diz.

Para o guarda municipal de São José dos Pinhais, José Carlos Correa, que trabalha há cinco meses na região, uma relação de confiança foi construída entre as forças de segurança e os moradores. "No começo foi difícil, mas com o tempo a população começou a confiar. Hoje eles nos passam informações. Nós também desenvolvemos um trabalho preventivo nos colégios. Queremos solucionar os problemas da comunidade", afirma.

Segundo o guarda, os assaltos eram comuns na região. "Aqui era conhecido por ser um bairro sem lei. Com a chegada da Guarda Municipal, posso afirmar com toda convicção que a situação mudou da água para o vinho. Antigamente o policiamento acontecia depois do crime. Hoje não. É preventivo", explica.

De acordo com a diretora da Escola Estadual Ipê, Mônica da Silveira Nascimento Rocha, a comunidade escolar também sentiu os avanços. "A segurança aumentou. É claro que não está perfeito, mas acredito que, quando os projetos começarem a ser implantados, as coisas vão melhorar ainda mais aqui no bairro", conta.

Nem tudo é alegria. São José dos Pinhais lidera o número de homicídios na RMC. De 673 mortes causadas por arma de fogo, arma branca e agressão computadas de janeiro a novembro deste ano, segundo os boletins do Instituto Médio-Legal de Curitiba, o município é responsável por 127 ocorrências fatais.