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A Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público do Paraná vai analisar o inquérito feito em 2004 pela Promotoria de Investigação Criminal (PIC) de Curitiba para investigar omexicano Ernesto Plascência San Vicente, preso no último dia 20 de julho pela Polícia Federal. Acusado de pertencer ao cartel Juarez, maior organização criminosa do México, San Vicente teria sido extorquido por dois policiais civis do Paraná, em R$ 4 milhões, para ser liberado em 2004. O inquérito foi encaminhado à Procuradoria Geral de Justiça na semana passada, pelo coordenador da PIC em Curitiba, Paulo José Kessler.

No fim de 2005, a Corregedoria de Assuntos Internos da Polícia Civil concluiu um inquérito que apontou os investigadores Ricardo Abilhoa (filho do procurador de Justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa) e Carlos Eduardo Carneiro Garcia, conhecido como Carlinhos, como os autores da extorsão. Eles estão foragidos desde dezembro do ano passado, quando tiveram a prisão decretada.

Segundo Adonai Armstrong, que até dezembro de 2005 era delegado da Corregedoria, Ricardo Abilhoa adquiriu imóveis em Santa Catarina de valor incompatível com sua renda mensal. "O Ricardo Abilhoa comprou uma apartamento em Florianópolis, no valor de R$ 300 mil, e outro em Balneário Camboriú, por R$ 370 mil", afirmou. Os policiais também teriam feito propostas por outros dois imóveis em Camboriú, nos valores de R$ 967 mil e R$ 987 mil.

Segundo o coordenador da PIC em Curitiba, Paulo José Kessler, na época do inquérito não se chegou à conclusão de que San Vicente era procurado pela Interpol (polícia internacional) e pela Agência Anti-Drogas dos Estados Unidos (DEA). "Como não havia nada, o procedimento foi arquivado", disse. "Em face da notícia de que o procedimento teria servido de mote a extorsão, encaminhei o caso para a Procuradoria Geral de Justiça. A PIC não vai atuar, para que não paire nenhuma suspeita."

Kessler negou que Abilhoa e Garcia fossem lotados na PIC na época. A origem da investigação que levou à prisão de San Vicente teria sido o inquérito da Corregedoria. "Enviamos uma cópia do relatório para a Polícia Federal investigar a lavagem de dinheiro", disse Armstrong. Segundo ele, muitas das informações foram repassadas por Renata Baroni, ex-namorada de Abilhoa.

O advogado dos dois acusados, Cláudio Dalledone, classificou, nesta segunda-feira, como uma "fábula" a denúncia de extorsão. O principal argumento contra a acusação é o fato de Mexicano, como é conhecido San Vicente, não ter sido reconhecido em 2004 pela Interpol. "Foram enviados dados dactiloscópicos (impressões digitais) e não havia por que prendê-lo. A denúncia de extorsão causa estranheza", comentou Dalledone. A PF investiga agora a verdadeira identidade de Mexicano. A mais nova suspeita é de que ele se chame Lucio Rueda-Bustos.

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