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Brasília – Três anos depois de ter jogado suas fichas na integração da América do SuL, o governo brasileiro se vê diante de uma situação delicada, com a sua política externa posta em xeque por causa de vários problemas com países vizinhos. As dificuldades com parceiros eleitos como prioritários pelo Brasil, como Bolívia e Venezuela, começam a provocar desconforto no governo, apesar do discurso oficial otimista. Mas a ordem, por enquanto, é continuar a "engolir sapos" em nome da idéia da Comunidade Sul-Americana de Nações, a Casa, um dos projetos mais acalentados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A preocupação com a política externa aumentou diante de novos riscos à unidade do Mercosul e dos problemas criados pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, que quer expulsar do país a empresa EBX e ameaça os interesses da Petrobrás com a decisão de nacionalizar as jazidas de petróleo e gás. O problema é delicado para Lula, que se engajou pessoalmente na eleição do líder cocaleiro. Para evitar uma ruptura diplomática, Lula já anunciou que vai falar com Evo. Internamente, no entanto já foi acesa a luz amarela em relação às atitudes do vizinho.

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, não acredita que os problemas na região atrapalhem o projeto da Casa. "O que está havendo são problemas entre alguns vizinhos que serão, aos poucos, resolvidos", disse ele, acentuando que o Brasil pretende dar "tratamento específico a cada um dos problemas".

No entanto, as coisas não parecem ser tão tranqüilas. A construção do supergasoduto é considerada por muitos um projeto inviável. E a desenvoltura de Hugo Chávez, transitando por toda a região, e até a freqüência com que vem ao país, incomoda setores do governo.

Da mesma forma, há críticas às concessões do governo brasileiro, no caso da Petrobrás, em relação à Bolívia. Nenhum diplomata se atreve a divergir publicamente da política externa do governo. Mas ela vem sendo atacada por embaixadores que já deixaram o serviço ativo. Uma das principais críticas é a de que não se pode misturar política com diplomacia. E de que a tentativa de unir os países com governos considerados de esquerda na região, fazendo concessões que trazem prejuízos econômicos ao país, não dará bom resultado.

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