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A confirmação de outras duas mortes causadas por meningite no fim de semana, elevando para dez o número de casos fatais em Ponta Grossa, provocou uma corrida a unidades de saúde e postos de vacinação. As equipes de epidemiologia descartam a possibilidade de surto, mas a quantidade de mortes já é maior que o total do ano passado e mais da metade das vítimas letais do tipo mais grave de meningite no estado estão concentradas na cidade. As mortes por meningocócica nos Campos Gerais já somam mais casos em seis meses que durante todo o ano de 2005.

Vera Lúcia dos Santos perdeu o neto Diego Railan dos Santos Betin na madrugada de sábado. O menino de dois meses morreu depois de ficar 22 dias internado. A avó conta que ele foi bem atendido no pronto-socorro infantil e que chegou a melhorar, mas uma infecção generalizada não permitiu a recuperação. Toda a família recebeu medicação de bloqueio para evitar novas transmissões.

Os parentes de Aglaci Danielli Salamucha, 7 anos, também estão consternados. A menina foi enterrada ontem, depois de uma evolução muito rápida da doença. A diretora da escola municipal Otacília Hasselmann de Oliveira, Guiomar Silva Bello, era também vizinha da menina e a levava para a aula todos os dias. Na sexta-feira, Danielli estava bem, sem nenhum sintoma. No domingo, a notícia da morte chocou a família. O diretor da Secretaria Municipal de Saúde, Edson Alves, afirma que a possibilidade de suspender as aulas foi cogitada, mas descartada porque seria ineficaz para conter o contágio e porque as férias começam no dia 7.

O número de pessoas que recorrem ao pronto-atendimento já é o dobro do normal e a apreensão dos pais também motivou o aumento na procura por vacinas na rede particular. Sócia-proprietária de uma clínica de vacinação, Cristina Batista conta que já aplicou em junho mais doses que no ano passado inteiro, e o produto está em falta no estoque. Novas doses devem chegar só a partir de quinta-feira, e há mais de 90 pessoas na fila de espera. A dose é única para crianças acima de um ano e garante imunidade, mas só há vacina para as meningocócicas do tipo A e C, enquanto a maioria dos casos registrados nos Campos Gerais é do tipo B – para o qual uma vacina cubana, de eficácia ainda não comprovada, não é ministrada usualmente no Brasil.

De acordo com o médico Alberto Calvet, coordenador de saúde preventiva do município, dois motivos explicariam a concentração de casos nos Campos Gerais. As temperaturas baixas registradas na região favorecem a concentração de pessoas em locais fechados. Além disso, as condições climáticas, com baixa umidade no ar, favorecem a propagação das bactérias que causam a doença. Apesar das explicações, o Ministério Público abriu inquérito para investigar o caso. A Promotoria de Proteção à Saúde quer saber se houve negligência no atendimento.

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