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Episódios como o flagrante de dois policiais militares furtando o som e o celular que estavam num veículo estacionado no Largo da Ordem, em Curitiba, levado ao ar pela RPC na segunda-feira, diminuem a confiança que a população deposita na polícia. Em uma caminhada pelo centro da cidade, no entanto, é possível constatar que nem são necessárias as denúncias na imprensa para isso: pessoas ouvidas pela reportagem afirmam que estão descrentes com o trabalho de combate à criminalidade. A origem da desilusão está na constatação de que, mesmo após as denúncias, na prática, pouco – ou nada – melhora em relação à segurança.

Um exemplo é a rotina dos comerciantes na região da Rua Alferes Poli, imediações da Avenida Sete de Setembro. No ano passado, eles denunciaram a presença de moradores de rua que praticavam roubos, pequenos furtos e ameaças à população. Quase um ano depois, a situação só não é a mesma porque piorou. "Eles fazem arrastão e roubam mesmo. Não tem dia calmo", disse Adalberto Alves de Oliveira, 49 anos, dono de uma loja de roupas. "Só melhorou um pouco quando teve policiamento na região. Mas foi só na época da eleição."

A opinião é reiterada por outros comerciantes da região, que preferem não ter os nomes revelados. "Em janeiro, tive de lutar com um ladrão que entrou aqui. Chamei a Polícia Militar e estou esperando até hoje", contou o dono de uma lanchonete. "O pior de tudo é o estresse, temos de ficar ligados o dia todo. Pagamos impostos e ficamos à mercê dos bandidos", complementa.

Na terça-feira, ao anunciar a prisão dos dois policiais militares envolvidos no flagrante, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, disse considerar a região central de Curitiba como uma das mais problemáticas da cidade. "Os dados do geoprocessamento mostram que a maioria das atividades criminosas ocorre no centro da cidade."

Com base no levantamento, a Secretaria de Segurança reforçou o efetivo da Polícia Militar na região central. Atualmente são 22 viaturas e 90 policiais, que se revezam. A presença da polícia, no entanto, não é o suficiente, já que na maioria das vezes os criminosos que cometem pequenos delitos são presos pela PM e soltos pela Polícia Civil, devido à falta de provas e de testemunhas.

De volta às ruas, os criminosos continuam a roubar. Ontem à tarde, pelo menos dois estabelecimentos na Rua Pedro Ivo, perto do Terminal Guadalupe, tiveram mercadorias furtadas. "Só hoje (ontem) já sofremos dois furtos. Às vezes o prejuízo chega a 20% do lucro", afirmou Camila Silva Zamberlan, 19 anos, vendedora de uma loja de roupas.

A situação volta a incomodar também numa região que parecia "esquecida" pelos criminosos. "À noite não dá para andar por aqui", disse uma cabeleireira que trabalha Rua Saldanha Marinho, perto da Catedral Metropolitana. "Às 19 horas começa a juntar traficantes e ladrões na esquina (bem ao lado da Catedral)."

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