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A dona de casa Maria Vilma Paolini gostaria de visitar com mais freqüência as duas netas e o filho que residem no Água Verde, em Curitiba. O problema é a distância entre as casas: cerca de 20 quilômetros. Moradora do Caximba há 45 anos – o bairro mais distante do centro da capital –, Vilma precisa enfrentar mais de um ônibus sempre que decide ir ao Água Verde.

São três linhas e mais ou menos 40 minutos de viagem – isso se pegar todos os coletivos no ponto. Ela sonha com o dia em que o Ligeirinho "encurte a distância" entre o Caximba e as demais regiões da cidade. "O pessoal daqui não vive isolado do resto da cidade e usa bastante os ônibus", diz ela, que é presidente da Associação de Moradores e Amigos da Caximba.

Vilma integra uma fatia da população que considera insuficiente o número de linhas de ônibus na capital. De acordo com levantamento da Paraná Pesquisas, um terço dos curitibanos acha pouco as 385 linhas da Rede Integrada de Transporte (RIT).

"Só temos dois ônibus (linhas) aqui no bairro e estão sempre lotados", reclama Nilda Rodrigues Góes dos Santos, 52 anos, dona de um carrinho de doces. As linhas são o Caximba/Olaria e a Tupi – essa última mantida pela prefeitura de Araucária.

Mesmo que quisesse, a prefeitura de Curitiba não poderia implantar imediatamente uma Linha Direta no Caximba. Uma liminar concedida pela Justiça há quatro anos impede que o município crie novos itinerários sem licitação. Em 2001, o Ministério Público (MP) Estadual entrou com uma ação na 1.ª Vara da Fazenda Pública contra a Urbs, empresa que gerencia a RIT, para questionar o fato de nunca ter sido feita uma concorrência pública no transporte coletivo de Curitiba.

"A Constituição Federal e a própria Lei Orgânica do Município prevêem a obrigatoriedade da licitação e o que havia até então era um total descumprimento dessas normas", diz a promotora Adriana Vanessa Rabelo, da Promotoria de Patrimônio Público. Em 15 de junho deste ano, a juíza Fabiana Passos de Melo deu ganho de causa ao MP em primeira instância. "A sentença estabelece um prazo de 18 meses para que a licitação tenha sido lançada e concluída. Em caso de descumprimento, estabelece multa diária de R$ 3 mil", explica.

A decisão obrigou o prefeito Beto Richa a anunciar, há três meses, a abertura de estudos para a realização de concorrência para novas linhas e para os 385 itinerários já existentes na RIT. A prefeitura abriu mão de recorrer da sentença e, teoricamente, tem mais 15 meses para tirar do papel o projeto. No entanto, um recurso foi protocolado no Tribunal de Justiça pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana, que é parte interessada no caso, e deve atrasar uma solução que permita a criação de novas linhas.

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