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Maringá – A primeira clonagem de uma vaca realizada no Paraná, na última sexta-feira, em Maringá, marcou o encontro de dois especialistas em reprodução in vitro e a combinação de tecnologias de ponta em pesquisas genéticas. O procedimento foi realizado pelo médico dinamarquês Gabor Vatja, utilizando um equipamento elaborado pelo médico maringaense Carlos Gilberto Almodin, no laboratório da fazenda do Centro Universitário de Maringá (Cesumar). Resultado de seis anos de pesquisas, Almodin desenvolveu o Vitri-Ingá, técnica que aperfeiçoa a vitrificação de óvulos; e Gabor é um dos pesquisadores mais respeitados na área de clonagem voltada ao aprimoramento genético e estudos de reposição de células para o tratamento de doenças.

O Vitri-Ingá é composto por uma caixa de isopor, com dois pequenos recipientes de aço dentro, onde são colocados o nitrogênio a -196ºC e os palettes – hastes de prolipropileno com um micro-furo de 0,4 milímetros na extremidade, onde o óvulo é colocado e preservado para uso posterior. Este equipamento tem um custo médio de US$ 1 mil, enquanto o sistema computadorizado usado no congelamento de espermatozóides e embriões custa em torno de US$ 30 mil. Gabor aprovou o invento maringaense. Ele testou o Vitri-Ingá na semana passada, quando congelou dois óvulos que sobreviveram.

O protótipo foi patenteado, testado em bovinos há três meses e teve um bom resultado com a recuperação de 82% dos óvulos após o descongelamento. O objetivo é atingir 96% nos próximos seis meses de pesquisa. O processo tradicional tem 60% de eficiência, em média.

A vitrificação de óvulos oferece mais mobilidade nas pesquisas, ao contrário das feitas com células de embriões humanos, envolvidas em discussões religiosas, morais e éticas. "O interesse é clonar células e não pessoas", explica. Almodin. O objetivo das pesquisas é criar condições para reposição de tecidos, dando chance de recuperação a problemas como paralisia e deficiência visual. "Quando temos óvulos separados dos espermatozóides, temos liberdade de decidir o que fazer com eles. Quando juntamos, há um princípio de vida e só tem um destino: o útero de uma mulher", explica Almodin.

No tratamento de infertilidade, a técnica também mostra vantagens sobre o método tradicional, por reduzir a quantidade de solução crio-protetora, um tratamento bioquímico dado ao óvulo durante a fecundação. Com menos solução, a chance de sucesso aumenta. O primeiro caso de gravidez com a técnica é de um casal de Maringá, que prefere não ser identificado. Casados há 15 anos, eles comemoram o sucesso da primeira tentativa de fertilização depois de dois meses de tratamento.

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