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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Professora se mantém a duras penas com R$ 602 mensais

Ontem, em pleno recesso escolar por causa do Dia do Professor, Janaína de Paula do Espírito Santo, 28 anos, passou a tarde preparando aula. Ela dá aulas no Colégio Estadual Presidente Kennedy, em Ponta Grossa, a duas conduções de distância do apartamento onde mora. Formada em História, ela recebe R$ 602 pelas 16 aulas semanais que dá para sete turmas lotadas do ensino médio e mais R$ 175 de auxílio-transporte.

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Ponta Grossa – O salário pago pela rede estadual de ensino a um professor em início de carreira, mas já com curso superior, é de R$ 602 por 20 horas semanais de trabalho no Paraná. Mesmo assim, o estado destaca-se com a 9.ª melhor remuneração do Brasil, de acordo com dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Atrás de estados como Acre e Alagoas, mas bem à frente dos vizinhos Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que ocupam a 20.ª e 23.ª posição no ranking, respectivamente. O Sindicato dos Professores do Paraná (APP-Sindicato) contesta a listagem, alegando que o cálculo inclui o auxílio-transporte e que, sem ele, o estado cai para a 13.ª posição, bem no meio da tabela.

"O Paraná está na média entre os que têm uma remuneração razoável. Mas também tem uma boa arrecadação e poderia pagar mais", acredita a presidente da CNTE, Juçara Dutra Vieira. Ela reforça o impacto que a remuneração tem na qualidade do ensino, lembrando que muitos docentes acabam buscando outras fontes de renda, mais turnos de trabalho ou abandonam a profissão.

"No geral, todos os governos praticam baixos salários. Alguns são ruins e outros são péssimos. Estar em primeiro ou em nono lugar não faz muita diferença", pondera Juçara. A categoria luta para que seja fixado um piso nacional, que seria de R$ 1.050 para professores sem curso superior e de R$ 1.555 para graduados, por 30 horas semanais, com direito a 33% do tempo dedicado à preparação de aulas e outros afazeres na escola. "A realidade dos professores da rede municipal é pior", frisa.

O presidente da APP-Sindicato, José Lemos, reconhece os avanços que a categoria conseguiu nos últimos anos no Paraná. Quando assumiu o cargo, em 2002, o salário inicial era de R$ 385. Hoje é de R$ 602, com mais R$ 175 de auxílio-transporte. "Mas nós estamos em nono lugar, quando o Paraná tem uma das melhores economias do país", destaca. Ele alega que o fato do estado estar atrás de outros mais pobres prova que o tema é uma questão de prioridade. "Está faltando vontade política e não dinheiro. Estamos num estado mais rico, que poderia fazer mais e melhor", analisa.

A APP reivindica a equiparação com outros funcionários do governo estadual, com a mesma formação e carga horária. "Se fosse assim, o salário por 40 horas seria de R$ 2.157 por 40 horas semanais. E isso que os demais servidores estaduais também sofrem com a defasagem", argumenta.

Procurada pela Gazeta do Povo, a Secretaria de Estado de Educação (Seed) somente informou, por meio da assessoria de imprensa, que apenas 7% dos 44.176 professores estaduais recebem até R$ 800 e que pouco mais de um terço deles (36,3%) ganha acima de R$ 2.600 mensais. Nenhuma gratificação foi levada em conta pela CNTE na elaboração do ranking, pois podem ser canceladas e não são incorporadas à aposentadoria.

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