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A Polícia Civil do Paraná pretende criar um banco de dados de criminosos que agem em série, principalmente assassinos – os serial killers. A intenção, explica o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, é reunir informações de criminosos que já agem dessa forma, bem como dos que têm potencial para fazê-lo, além de crimes cometidos com os mesmos procedimentos, o que indica a ação de um criminoso em série. Dessa forma, a polícia teria mais subsídios para investigar e prender criminosos dessa espécie.

A idéia é copiar o banco de dados do Federal Bureau of Investigation (FBI), o equivalente à Polícia Federal (PF) nos Estados Unidos. Desde que criou seu banco de dados, em 1982, o FBI relacionou e investigou cerca de 4 mil assassinatos cometidos por serial killers. "A criação deste banco é uma necessidade. Até pelo tamanho que é o Brasil, um país continental", argumenta Delazari, lembrando que muitas vezes o criminoso em série age em mais de um estado.

O banco de dados deve ser o principal resultado da parceira inédita entre o FBI com uma polícia brasileira. Nove agentes federais americanos estão em Curitiba proferindo palestras de como traçar o perfil de criminosos em série a policiais de dez estados, além de agentes da PF e peritos criminais. De hoje a terça-feira que vem, os agentes do FBI capacitarão policiais em curso ministrado na Escola Superior de Polícia Civil (ESPC). Participarão 44 policiais paranaenses, entre delegados e investigadores – todos de delegacias especializadas, como Homicídios e Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Secride) –, além de cinco agentes da PF. "O curso será todo em sala de aula, mostrando com exemplos práticos formas de ‘linkar’ informações de crimes que podem ter sido cometidos pela mesma pessoa", explica o adido do FBI na embaixada americana no Brasil, David Brassanini.

O diretor da ESPC, Cláudio Fernando da Cunha Telles, informa que um primeiro passo rumo ao banco de dados já foi dado: a Polícia Civil pesquisou por um ano o perfil de detentos do Departamento Penitenciário (Depen) com potencial de serem criminosos em série. "Esses criminosos muitas vezes desafiam a polícia. Muitos são vaidosos e fazem questão de deixar marcas que os identifiquem", comenta o diretor da ESPC.

Justiça

Se por um lado o banco de dados criaria uma ferramenta a mais para a polícia, por outro, pode emperrar no sistema judicial. Tudo porque a legislação permite que pessoas que cometem crimes hediondos possam sair do regime fechado com menos da metade (40%) da pena cumprida. Exatamente como no caso do animador de lojas Natanael Búfalo, 41 anos.

Se o banco de dados já estivesse em funcionamento, a polícia poderia acompanhar os passos de Búfalo, caso uma análise psicológica comprovasse o potencial de ele ser um criminoso em série, como se confirmou em outubro de forma trágica. Após cumprir apenas 5 dos 12 anos de prisão a que fora condenado por estupro, Búfalo conseguiu liberdade em 2001 e voltou a cometer estupro, dessa vez com morte. No dia 20 de outubro, ele violentou e matou uma menina de 10 anos em Maringá, Noroeste do estado.

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