• Carregando...
O aumento de usuários na Carlos Gomes ocorre também, segundo a Guarda, em razão da migração de alguns da Praça Eufrásio Correia, alvo de maior repressão nos últimos meses | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
O aumento de usuários na Carlos Gomes ocorre também, segundo a Guarda, em razão da migração de alguns da Praça Eufrásio Correia, alvo de maior repressão nos últimos meses| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Combate

Para sociólogo, tema deve ser tratado como saúde pública

O sociólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Cezar Bueno defende que a sociedade encare a droga como "fato sem volta". De acordo com ele, é preciso traçar um plano concreto que trate o tema como questão de saúde pública definitiva, como são os casos de alcoolismo e tabagismo.

O principal obstáculo para isso, segundo ele, é a opinião pública. "Ela é avessa a tudo que não seja prisão e isolamento. Mas é inevitável pensar em uma maneira não demagógica de enfrentamento do problema", critica Bueno.

Na avaliação dele, o histórico de falta de políticas adequadas sobre o tema repercutem hoje, com o país cheio de consumidores, como há em Curitiba. "As praças se tornaram campos de ocupação de uma população excluída", comenta. Bueno também defende a necessidade de mais projetos e iniciativas que estimulem a população a ocupar as praças e demais espaços públicos para bons usos.

Detidos

Segundo a Guarda Municipal, 567 adolescentes foram apreendidos e 1.352 pessoas foram detidas no ano passado por uso, posse ou tráfico de drogas ilícitas. Em 2014, até a última terça-feira, já foram registrados 807 casos.

A Praça Eufrásio Correia, junto da Câmara Municipal de Curitiba, é a campeã de ocorrências ligadas ao uso, posse e tráfico de drogas na cidade. A Guarda Municipal atende um caso a cada três dias ali. O problema, no entanto, segundo levantamento da própria Guarda obtido pela reportagem, se estende pela cidade inteira.

INFOGRÁFICO: Confira o mapa das drogas na cidade de Curitiba

Em 2013, a Guarda atendeu 2.430 ocorrências por uso, posse e tráfico de drogas em Curitiba, uma média de sete por dia. Cerca de 20% dessas ocorrências são relacionadas diretamente ao tráfico. Flagrantes de uso correspondem a 73% dos casos. O restante corresponde a casos de posse.

Segundo a Guarda, foram 567 adolescentes apreendidos e 1.352 pessoas presas ano passado. Do começo deste ano até a última terça-feira, foram registrados 807 casos relacionados a drogas.

Os dados do relatório comprovam que as praças da cidade estão sendo muito frequentadas por consumidores. São seis praças (Eufrásio Correia, Praça do Gaúcho, Osório, Praça João Cândido, Carlos Gomes e Garibaldi) entre os vinte endereços que mais registraram esses casos.

Quando o levantamento é analisado pelas subcategorias, a Praça Eufrásio Correia lidera o ranking de ocorrências de tráfico de drogas, mas perde para a Rua Mateus Leme em casos de flagrantes de uso.

Operações

O inspetor Cláudio Fre­­derico de Carvalho, conta que a Guarda tem trabalhado constantemente para conter o avanço do tráfico na cidade. Nas praças, principalmente, onde são responsáveis, os guardas têm realizado operações específicas, com informações de denúncias e videomonitoramento. A própria Eufrásio Correia está recebendo câmeras nos próximos dias, segundo Frederico. O investimento é do programa "Crack, é possível vencer". "Os números começam a dar um panorama estratégico para nossas ações. Já verificamos que lugares de grande circulação de jovens e próximos às canaletas dos ônibus são propícios", conta Frederico.

Carlos Gomes

Um dos problemas enfrentados pela Guarda Municipal é a migração dos traficantes e usuários. Da Eufrásio Correia, por exemplo, há casos de migração para a Carlos Gomes. "Ali há as mesmas características da Eufrásio Correia", conta. As duas praças têm muitas árvores e movimento de pessoas, o que facilita o consumo e o tráfico.

Uma comerciante, que não quis se identificar, reclamou que o consumo na Carlos Gomes atrapalha o trabalho na região. "Falta policiamento. Tem horas que o cheiro [da maconha] entra na loja", comenta. Frederico afirmou que a guarda deve reforçar o trabalho em várias regiões onde são detectadas as migrações, inclusive a Carlos Gomes.

Tem solução?

Como você acredita que o poder público e a sociedade devem lidar com a venda e o uso de drogas em lugares como praças e avenidas?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]