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Durante a temporada, as praias paranaenses são literalmente invadidas por policiais. É a Operação Verão, que reuniu aproximadamente 3 mil policiais e cerca de 400 viaturas no litoral do estado entre dezembro de 2005 e março de 2006. Fora da temporada, porém, a realidade é bem diferente: poucos policiais, quase nenhum turista e milhares de casas vazias, à disposição de ladrões, assaltantes e fugitivos.

A situação vem assustando os comerciantes de Pontal do Paraná, que já pensam em fechar o tráfego na rodovia PR-407, que liga a BR-277 ao município, como forma de protesto. Eles preparam um abaixo-assinado com cerca de 3 mil nomes e pedem a nomeação de um delegado para o município, atendido hoje pela delegacia de Matinhos.

Os ladrões têm mudado de tática. Se, antes, os principais alvos eram as casas que ficam vazias durante a temporada, agora o comércio entrou na mira. Cada um dos principais balneários de Pontal (como Praia de Leste, Ipanema, Santa Terezinha, Grajaú, Canoas e Pontal do Sul) tem seu próprio grupo de ladrões e assaltantes que, geralmente, vêm de outros lugares. Alguns chegam a ser presos, mas, na maioria das vezes, acabam soltos por falta de provas e testemunhas.

A reportagem da Gazeta do Povo esteve em Pontal do Paraná e constatou que os comerciantes vivem sob a lei do silêncio. A maioria deles já foi assaltada e ameaçada, como o dono de uma banca de revistas que pediu para não ter o nome revelado. "O negócio deles é assaltar o comércio. Põem os produtos roubados na bicicleta e saem vendendo por aí", diz. "O pessoal anda com tanto medo que não quer nem fazer boletim de ocorrência."

O dono de um restaurante conta a história que já se tornou comum na cidade. "Teve um ladrão, preso no dia 14 de junho depois de trocar tiros com a polícia, que foi solto logo em seguida", conta. "No dia 28, ele foi preso outra vez, depois de arrombar uma casa e ameaçar um casal de idosos. Foi solto de novo e está por aí. E o casal teve que se mudar."

As casas vazias continuam sendo alvos. "Eles roubam a fiação, arrombam as janelas e levam tudo que tem dentro", diz o dono de uma pizzaria. "Se alguém vê, eles ameaçam, dizem que vão incendiar a casa e mandam ficar quieto", revela. " Tem gente que já foi esfaqueada, por represália. Eu nem durmo direito. Acordo três ou quatro vezes por noite."

O delegado de Matinhos e Pontal do Paraná, José Tadeu Inocêncio, confirma que as prisões são feitas, mas que os suspeitos são liberados em seguida. "Temos feito várias prisões, alguns (criminosos) são encontrados pela Polícia Militar durante a noite. Mas, não tendo vítimas e não tendo provas, eles acabam sendo soltos pela Justiça", diz o delegado.

Para Inocêncio, o problema não é o acúmulo de funções (o que seria normal, já que Pontal do Paraná não é uma comarca), mas o grande número de residências vazias fora da temporada. "Em Matinhos, tem mais gente morando, mas em Pontal fizemos um levantamento e há cerca de 8 mil casas vazias", afirma. O delegado diz não possuir estatísticas a respeito das ocorrências, já que assumiu a delegacia em março.

Em Guaratuba, o problema também está ligado a residências vazias. De acordo com o delegado José Carlos Rodrigues de Almeida, são registrados em média 40 casos de arrombamento por mês. "Já tivemos épocas em que eram 120 por mês", revela. No balneário há pelo menos 3 mil casas que ficam vazias fora da temporada.

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