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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O base jump – salto de pára-quedas a partir de uma base fixa, como prédios e pontes, e não de uma aeronave, como no pára-quedismo –, não é regulamentado no mundo todo. Era essa a modalidade de salto praticada por Jeferson Bittencourt, 29 anos, na manhã do sábado passado, quando ele feriu-se gravamente – teve fraturas generalizadas, principalmente na coluna vertebral. Bittencourt saltou de um prédio de 30 andares no bairro Mossunguê, em Curitiba. Antes de cair, enroscou-se em uma árvore.

De acordo com o boletim médico emitido no fim da tarde de ontem pelo Hospital Vita, apesar da pequena melhora, o estado de Bittencourt segue grave. Ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e respira por aparelhos. O base jump foi criado há 27 anos e desde então foram registradas 108 mortes, duas no Brasil.

Para o presidente da Confederação Brasileira de Pára-Quedismo (CBPq), Jorge Derviche, o base jump não pode ser considerado como esporte pelo risco que proporciona. Ele explica que enquanto no pára-quedismo a altura mínima para um salto é de mil metros, no base jump o mínimo é dez vezes menor. Pela altura, explica Derviche, o pára-quedista consegue contornar o problema se houver algum empecilho durante o salto. No base jump não. "Tanto que essa prática nem pára-quedas reserva tem, porque não dá tempo de abrir", aponta. Dessa forma, a opinião do presidente da CBPq é rígida: "O base jump é um risco desnecessário, é puro exibicionismo", afirma.

O presidente da Federação Paranaense de Pára-Quedismo (Fepar), Fábio Pelayo, também não considera o base jump esporte. A falta de regulamentação agrava ainda mais a situação. "Enquanto que no pára-quedismo é necessário permissão da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da Aeronáutica para um salto, o base jump não segue regras e na maioria das vezes nem permissão do proprietário do imóvel para o salto existe."

Alessandro Azzolin, pára-quedista há 13 anos e há três base jumper, concorda que o salto de bases fixas é arriscado. Mas, para ele, nem por isso deixa de ser um esporte. Na opinião de Azzolin, a diferença do base jump é que ele não permite erro. "É como andar de moto. Se errar, vai se machucar ou até mesmo morrer", compara. Tanto que para saltar de base jump, o interessado deve ter uma boa base no pára-quedismo. "O ideal é que tenha no mínimo mil saltos de pára-quedas antes de fazer o base jump."

Sobre o acidente de Bittencourt, Azzolin acredita que tenha havido um erro na avaliação do salto. Particularmente, Azzolin não saltaria do edifício onde ocorreu o episódio. "Ali não há área de escape. Há árvores, fios de alta tensão, uma via rápida." Conforme ele explica, o ideal é saltar em uma área de aproximadamente 20 metros quadrados e com 360 graus de ângulo livre de qualquer obstáculo.

Mesmo assim, Azzolin acredita que o erro de Bittencourt não tenha sido durante o salto, mas sim ao tentar se desvencilhar da árvore. "Pela experiência dele, acredito que esperaria o socorro dos bombeiros. Mas pode ser que o galho tenha quebrado, gerando a queda."

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