Se o tempo para os pedestres atravessarem a Avenida Marechal Deodoro fosse maior, a região poderia ficar engarrafada. Essa é a justificativa apresentada pela Diretoria de Trânsito (Diretran), órgão da prefeitura de Curitiba que gerencia o tráfego na cidade. "Os tempos são calculados em função do volume de carros e de pedestres. Se o volume for grande, acabamos sacrificando o tempo do pedestre", disse a gerente de Tráfego da Diretran, Rosângela Batistela. "Não dá para aumentar. Acabaríamos criando comboios de carros, com congestionamentos."
Sacrificar os pedestres e escoar o tráfego de veículos, segundo a gerente, é uma necessidade principalmente nos horários de pico. "Para o pedestre, é mais fácil esperar um novo ciclo. Para os carros, não é tão fácil assim", comentou Rosângela Batistela. "O problema da Marechal Deodoro é que ali há o fluxo de veículos que fazem a conversão à esquerda, pela Marechal Floriano."
O advogado Marcelo Araújo, especialista em Direito do Trânsito, fez um alerta: os motoristas devem respeitar os pedestres que são surpreendidos pelo alerta vermelho durante a travessia. "Mesmo que no meio da travessia o sinal feche para o pedestre, a prioridade é dele. O problema é que na maioria das vezes isso acaba não sendo obedecido", disse Araújo.
A preferência para o pedestre é garantida pelo Código de Trânsito Brasileiro. Em seu artigo 70, o código determina que os pedestres devem ter a prioridade na passagem, "mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos." Motoristas que desrespeitarem a regra podem ser multados.
Para o engenheiro especialista em trânsito Victor Campani, não se trata apenas de cobrar esta postura dos motoristas, mas de exigir mais tempo do órgão responsável pelo trânsito. "É claro que o pedestre deve esperar o melhor momento e procurar o melhor ponto para atravessar com segurança. Mas, na hora em que é dado o tempo para o pedestre atravessar a rua, deve ser dado um tempo suficiente para que ele cruze sem correr riscos." (JML)
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