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Assaltos

Lojas reforçam vigilância própria

Quando a segurança oferecida pelo shopping não basta, lojistas optam pela proteção individual. Segundo pesquisa da Abrasce, 82% dos shoppings apresentam alguma política de segurança especial para joalherias, bancos e lotéricas.

A dona de uma joalheria dentro de um shopping de Maringá, que pediu para não ter o nome revelado, mantém vigilante próprio durante todo o expediente e paga empresa de monitoramento a distância. "Nos últimos tempos o risco de assaltos tem sido muito maior. O shopping passa sensação de segurança, mas não a temos efetivamente", disse a empresária.

Ela já sofreu dois grandes assaltos. Nas duas ações, os bandidos entraram como clientes e em seguida sacaram as armas. "Você se sente lesada e impotente frente a essa situação. Não são só os prejuízos financeiros, que foram muito grandes, mas os traumas emocionais de ver nossas vidas e dos funcionários expostas."

Para o consultor de segurança Fred Andrade, impedir a entrada de pessoas armadas é uma fórmula sem solução. Ele explica que a colocação de detectores de metal ou realização de revistas são medidas completamente inviáveis. "Não tem como impedir que alguém entre armado, mas tem como impedir que ele use essa arma", disse.

Em caso de assalto, o recomendado é não entrar em confronto com os bandidos e dissuadi-los para que saiam o mais rápido possível. "A vida humana tem prioridade absoluta."

Roubos a joalherias também foram registrados em shoppings paulistas nos últimos meses. A relojoaria S. Rolim, no Shopping Ibirapuera, foi alvo da ação de grupo armado. Embora a loja contasse com seguranças próprios, nenhum deles tinha autorização para deter os criminosos. Já no Shopping Cidade Jardim, no mês anterior, a joalheria Tiffany & Co também foi assaltada, resultando em prejuízo de R$ 1,5 milhão.

No centro da discussão sobre segurança em shoppings está uma questão polêmica: como identificar se determinada pessoa é suspeita. A linha entre a precaução e o preconceito é tênue. Grupos de jovens das chamadas "tribos" – freqüentadores dos shoppings de Curitiba principalmente nos domingos – muitas vezes são vistos com desconfiança pela vestimenta e modo de agir. Como eles andam em bandos, normalmente são rotulados de baderneiros – o que nem sempre é verdade.

Para o historiador e sociólogo Gilson da Costa Aguiar, professor do Centro Universitário de Marin­­­gá (Cesumar), a restrição ou liberação do espaço é de fato um dilema para os administradores de shoppings. Mesmo estando no limiar de cometeram atitudes preconceituosas contra determinados grupos, não se pode esquecer que shoppings são espaços particulares construídos com a finalidade de consumo.

"Quem vai ao shopping não busca apenas o consumo do bem, mas compra o serviço de segurança. E o sentir-se seguro significa afastar da minha vista alguém que me ofereça essa sensação de insegurança. Não há defesas de que isso seja certo ou errado, mas é o próprio consumidor que exige isso", disse. "O local é espaço de diversidade, o que não significa universalidade."

A nutricionista Glória Souza, freqüentadora de shoppings, concorda com a visão do sociólogo. Ela explica que prefere comprar em centros fechados justamente porque se sente tranquila em circular pelas lojas. "Na rua sempre tem alguém que vem pedir dinheiro e isso me assusta. Quando levo minha filha posso deixá-la à vontade", disse.

Sem restrições

O superintendente do Shopping São José, Jose Alcir Gruber, defende que a ação junto à comu­­nidade é de grande importância. Os grupos, segundo ele, são bem vindos no shopping e há uma preocupação em se fazer uma aproximação cordial.

O consultor em segurança Fred Andrade é contrário a ações de restrição. Para ele, o indício de que um crime será praticado não basta para que alguém seja convidado a se retirar, bem como não se pode fazer julgamentos pela roupa ou estilo do visitante. "Vale dizer que os grandes assaltantes hoje em dia usam paletó", diz. (HS)

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