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Cerca de R$ 4 milhões foram investidos até agora na construção, que já apresenta infiltrações | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Cerca de R$ 4 milhões foram investidos até agora na construção, que já apresenta infiltrações| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo

História

Convite a um passado (muito) distante

Localizado a pouco mais de 80 Km da capital, o Parque Estadual de Vila Velha foi criado em 1953 e é uma das 12 unidades de conservação administradas pelo Instituto Ambiental do Paraná. No local, é possível fazer um passeio de duas horas por um caminho cercado de arenitos de diversas formas (taça, esfinge, camelo), esculpidas pela água doce entre 600 milhões e 300 milhões de anos atrás.

O parque oferece ainda um segundo roteiro, passando pela Lagoa Dourada e pelas Furnas. Os dois passeios são guiados por monitores do local.

O local está aberto à visitação durante a semana toda, exceto às terças-feiras das 8h30 às 15h30. Grupos precisam agendar a visita com antecedência pelos telefones (42) 3228-1539 ou 3228-1138. Para conhecer os arenitos, o valor é de R$ 10 por pessoa (R$ 15 para estrangeiros) e para o roteiro que passa pela Lagoa Dourada e pelas Furnas o ingresso custa R$ 8 (R$ 10 para estrangeiros). Moradores de Ponta Grossa e estudantes pagam meia entrada. Crianças de até 6 anos e pessoas com mais de 60 não pagam.

Numa região alta do Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa (Campos Gerais), de onde se avista boa parte dos grandiosos arenitos, está um museu fechado à visitação. Pensado pelo renomado cientista paranaense João José Bigarella para ser um espaço onde o visitante poderia, em uma única visita, compreender a origem do mundo, o Museu de Geologia e Paleontologia de Vila Velha está vazio e sofrendo a ação do tempo. O prédio foi concluído em 2009, mas ainda não pôde abrir as portas porque o convênio entre a Fundação João José Bigarella (Funabi) e o governo do estado ainda não foi assinado.

Uma Comissão Tem­­­porária Especial da As­­­sembleia Legislativa do Paraná foi criada para investigar e apontar uma solução para o problema. Até o momento, os deputados estaduais Edson Praczyk (presidente), Péricles de Melo (relator), Marcelo Rangel e Jonas Guimarães concluíram, com base em depoimentos de representantes da Funabi e do governo do Paraná, que o local precisa de uma avaliação técnica, já que foram apontadas falhas na construção – que já custou cerca de R$ 4 milhões aos cofres públicos.

"Na sequência dos trabalhos da comissão, faremos uma visita ao prédio. Um dos problemas mostrados nas reuniões é a infiltração", afirma Péricles de Melo. "Tanto a Funabi quanto o governo concordam que o museu é importante, mas a fundação não quer assumir a gestão sozinha", acrescenta. Bigarella, que idealizou o projeto, lamenta o abandono e os problemas no prédio, mas considera que eles não impedem a instalação do museu. "São questões de fácil resolução. Já temos tudo pronto, as estruturas em metal, os vidros em curva. O grande problema é a captação de recursos", afirma.

Ele explica que o projeto todo foi orçado em R$ 7 milhões. "Como já foram investidos R$ 4 milhões, ainda precisamos de mais R$ 3 milhões, que virão por meio da Lei Rouanet [lei federal de incentivo à cultura]. O projeto foi aprovado, mas o prazo de captação dos recursos para o nosso projeto termina em 31 de dezembro deste ano, e ainda não há uma definição sobre como será a gestão do museu. Sem isso não podemos efetuar a captação", salienta.

Em 2010, o museu perdeu uma verba de R$ 1 milhão que havia conseguido com a Petrobras porque não existia legalmente, situação que ainda persiste.

Descaso

O prédio que deverá abrigar o museu tem aproximadamente 4 mil m², com mais da metade do espaço destinada à área de exposição. A construção foi feita em três módulos. No pavimento superior, encontram-se algumas marcas de poças d’água, mesmo nas áreas cobertas, e algumas placas do forro estão soltas.

O cenário piora na parte de baixo. Parte da fundação do prédio está visível num porão. O local tem forte odor de umidade e apresenta pequenos vertedouros de água que brotam do solo, bastante úmido neste pedaço do Parque de Vila Velha.

Peças do acervo foram furtadas e depredadas

O acervo, pertencente à Funabi, está pronto para ser exposto. Parte dele, inclusive, está armazenada no prédio. No entanto, como não há segurança específica para o local, algumas peças foram furtadas ou depredadas. "São amostras que eu coletei ao longo de uma vida inteira de pesquisas", conta Bigarella, que é estudioso de geologia há mais de 60 anos.

A professora de Turismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Jasmine Moreira também lamenta o fato de o museu ainda não estar funcionando. "Estamos deixando de lado um atrativo com grande potencial turístico para a cidade e que também pode ajudar a desvendar o passado da nossa região", avalia.

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