Rio de janeiro
Biblioteca teve caso notório da "doença"
O Rio de Janeiro teve um caso notório de Síndrome do Edifício Doente. Ocorreu na Biblioteca Central de Manguinhos, na Fundação Oswaldo Cruz. Durante o ano de 1996, os funcionários se queixaram de dores musculares, de garganta, ouvido e alergias respiratórias. Chegaram a protestar contra a baixa temperatura da biblioteca, que ficava em torno de 14°C, para preservar o acervo.
O ar-condicionado, no entanto, era mantido desligado na ausência dos servidores. Em janeiro de 1997, após o recesso de fim de ano, que durou quatro dias, os funcionários encontraram estantes, livros, telefones, computadores cobertos por uma espécie de pó branco. Na verdade, eram fungos, que já habitavam a biblioteca e proliferaram naqueles dias.
A tese de mestrado em Ciências de Saúde Pública, da pesquisadora Maria Cristina Strausz, mostrou que, com o aumento da umidade relativa do ar, por causa das chuvas de verão, e a temperatura elevada, devido ao desligamento do sistema de refrigeração, propiciaram a proliferação "explosiva". O local teve de ser interditado e passou por limpeza e purificação.
Prédios modernos, planejados para obter a máxima eficiência em aproveitamento de energia, podem esconder um risco para a saúde de quem os frequenta. O alerta foi feito no 41º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, em Curitiba, onde pesquisadores discutiram a Síndrome do Edifício Doente, responsável pelo afastamento de funcionários dos seus ambientes de trabalho.
"A construção de prédios com sistema de ar-condicionado central, que exige janelas fechadas o dia inteiro, às vezes até lacradas, provocou o aumento do risco porque a ventilação se tornou muito pior. É preciso ter muito cuidado com a manutenção desses sistemas de ar-condicionado", afirma o otorrino Roberto Campos Meirelles, médico dos hospitais universitários Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e do Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que apresentou palestra sobre o tema.
A Organização Mundial de Saúde reconheceu a existência da Síndrome do Edifício Doente no início dos anos 80. Isso ocorreu depois que foi comprovada a contaminação do ar interno de um hotel da Filadélfia, em 1976, que resultou em 29 mortes e 182 casos de pneumonia.
Em 2000, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária editou norma técnica que estabelece limites máximos para dióxido de carbono (CO2) no ambiente, que serve de parâmetro para identificar se o ar está sendo renovado adequadamente. Também estabelece parâmetros para a presença de fungos e bactérias. "Temos legislação, mas falta a fiscalização", afirma Meirelles. Segundo ele, os pacientes chegam aos consultórios com queixas de irritação, secura e prurido nos olhos, nariz e garganta. Em alguns casos têm náusea, tontura, sonolência, letargia, dificuldade de concentração. "O médico trata, mas o paciente não melhora, porque volta para aquele ambiente contaminado."
A OMS estabelece que a Síndrome do Edifício Doente está instalada quando 20% dos frequentadores do prédio relatam queixas.
Meirelles recomenda que, além de manter a manutenção do sistema de ar-condicionado em dia, as empresas mantenham suas janelas abertas por pelo menos uma hora diária, como forma de melhorar a circulação de ar.
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