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Prefeitura está estudando colocar os carros elétricos em teste há 10 meses para compartilhamento. | Aniele Nascimento/Aniele Nascimento
Prefeitura está estudando colocar os carros elétricos em teste há 10 meses para compartilhamento.| Foto: Aniele Nascimento/Aniele Nascimento

A prefeitura de Curitiba está em busca de cidadãos com ideias que melhorem a mobilidade urbana. E vai recompensá-los por isso. Quem tiver uma solução inteligente para o uso do automóvel nas cidades poderá sair do embaraço do trânsito e ainda ganhar um belo prêmio. As recompensas são viagens para a França e Portugal, além de uma bicicleta elétrica. É um bom estímulo para botar a cabeça para funcionar durante o tempo desperdiçado no ônibus lotado ou dentro do carro num engarrafamento.

Para viagens e lazer, tudo bem [usar o carro]. Mas para
o dia a dia precisaremos usar o transporte público,
que terá de ser de qualidade.

Jaime Lerner, arquiteto e urbanista.

A proposta foi lançada em forma de concurso cultural no seminário internacional Uso do automóvel na cidade, encerrado na sexta-feira (10) em Curitiba. “Também queremos conhecer projetos de médio e longo prazo que nos ajudem no processo de transformação da cidade e na confirmação de Curitiba como referência no Brasil”, disse o prefeito Gustavo Fruet.

Executivo estuda criar uso compartilhado para carros elétricos

Após 10 meses experimentando 10 veículos movidos a energia elétrica, a prefeitura de Curitiba agora estuda a possibilidade de incluí-los num sistema de uso compartilhado para uso dos curitibanos. O Ecoelétrico Compartilhado buscará reduzir a circulação de carros nas ruas ao disponibilizar uma frota não-poluente aos usuários, que paga conforme o tempo de uso. A prefeitura já faz um estudo preliminar sobre a forma como o sistema será implantado e espera apresentar algum resultado técnico até o fim do ano.

O município baseia suas intenções em pesquisas na Europa, onde estimativas indicam que cada carro compartilhado retira de 7 a 10 veículos particulares de circulação. O Ecoelétrico de Curitiba se destacou dentre 10 casos concretos de cidades latino-americanas em busca da sustentabilidade. Também ganhou espaço na COP 20 – Conferência Climática da ONU, em dezembro de 2014 em Lima, no Peru.

O projeto consiste em 10 veículos que atendem a Guarda Municipal, a Setran e outras secretarias municipais. A iniciativa é uma parceria entre a prefeitura, a Itaipu Binacional, a Aliança Renault-Nissan e o grupo português Ceiia.

A inscrição, gratuita, está aberta até o dia 23 de setembro, com regulamento e informações no site www.curitiba.pr.gov.br/concursousodoautomovel. O primeiro colocado leva uma viagem de quatro dias para o Centro de Mobilidade do Instituto Renault, na França, o segundo ganha uma viagem de quatro dias para o Centro de Mobilidade do Instituto CEIIA, em Portugal, e o terceiro recebe uma bicicleta elétrica. As viagens incluem uma visita aos projetos na área de mobilidade em cada um dos países.

Os trabalhos serão avaliados por uma comissão formada por representantes do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Instituto Municipal de Administração Pública (Imap) e por representantes dos parceiros da organização do seminário: Renault do Brasil, Grupo GRPCom, Universidade Positivo, Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP). A premiação acontecerá no dia 4 de dezembro de 2015.

O seminário trouxe discussões sobre meios alternativos de transporte como uma forma de reduzir a presença cada vez maior dos carros nos meios urbanos. As cidades devem combinar os vários sistemas existentes em mobilidade urbana, o que trará maior qualidade para o transporte, lembrou no evento o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná. Algumas dessas tentativas foram mostradas pela Gazeta do Povo na quinta-feira e na sexta-feira.

Para Lerner, o automóvel vai sofrer cada vez mais restrições nos próximos anos. Não vai se chegar ao ponto do banimento do carro, uma vez que as montadoras continuarão a produzi-lo e as pessoas continuarão a comprá-lo. O que deve mudar, segundo Lerner, é a maneira de usar o automóvel. “Para viagens e lazer, tudo bem. Mas para o dia a dia precisaremos usar o transporte público, que terá de ser de qualidade”, pontua.

Para o caso de Curitiba, lembra Lerner, o mais importante é apostar no transporte coletivo, criar novas alternativas e promover uma maior integração com a região metropolitana para fazer frente ao seu desenvolvimento econômico. “Tenho certeza que os responsáveis pela cidade vão começar a adotar esse caminho”, aposta.

Na Fiep, 20% do estacionamento é reservado para quem pratica a carona solidária

O uso compartilhado do mesmo veículo, por meio de locação ou carona solidária, foi um dos temas mais recorrentes no seminário “Uso do automóvel na cidade”. Na França, o compartilhamento foi um dos responsáveis pela redução de 5% no fluxo de carros no centro de Lyon nos últimos 10 anos, pelo aumento de 17% no uso do transporte coletivo e redução em 10% a emissão de poluentes. O caso foi apresentado por Françoise Meteyer-Zeldine, do Centro de Expertise sobre Meio Ambienta, Mobilidade e Cidades do governo francês.

Iniciativas semelhantes começam a ser adotadas no Brasil. Em Curitiba, por exemplo, o Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) destinou 20% das vagas do estacionamento da sua sede no Centro Cívico para funcionários que praticam a carona solidária e chegam para trabalhar acompanhados de algum colega. Já no lançamento, 50 funcionários aderiram à ideia, o que representa 18 carros a menos em circulação nas ruas.

A proposta do Sistema Fiep, batizada de Mais Carona, surgiu depois que os colaboradores responderam a uma pesquisa sobre seu deslocamento para o trabalho, apontando a organização como uma das responsáveis por incentivar e dar suporte a ações sustentáveis de mobilidade urbana.

Para a Fiep, a melhoria das condições de mobilidade urbana deve ser também uma preocupação das empresas. “Quando as pessoas percebem que a sua atitude individual beneficia o todo, cria-se uma espiral de novas alternativas, neste caso, capazes de contribuir para a mobilidade urbana”, diz a diretora corporativa de recursos humanos do Sistema Fiep, Daviane Chemin.

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