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Em São Paulo, uma falha no sistema municipal de ensino provocou um caso inusitado entre duas irmãs gêmeas. O sistema da Prefeitura registrou as duas irmãs como uma pessoa só. Para não perder a vaga, a mãe das crianças de 5 anos tomou uma decisão radical: como as duas irmãs não podem frequentar as aulas, a cada dia apenas uma delas vai à escola. O revezamento dura toda a semana.

"É bem difícil para uma mãe ter que escolher um dos filhos para ir à escola", diz Vanessa Boeno Said, mãe das gêmeas.

As gêmeas acordam às 6h30m, tomam café e apenas uma delas se prepara para ir à escola José de Alencar, na Vila Curuçá, na Zona Leste da cidade. Na última segunda-feira, era dia da Suzana ir para a escola. A irmã Samira ficou em casa, sem estudar.

"A Suzana entrou e eu fiquei triste. Queria ficar na escola", contou a outra gêmea, que acompanhou a mãe até a escola.

Vanessa explica que a dificuldade para conseguir matricular as gêmeas começou em 2008, e se repetiu em 2009 e em 2010. Até maio, as meninas estudavam em uma outra escola, na Zona Norte. A família precisou se mudar para a Zona Leste e o problema ressurgiu.

"Eles dizem que o sistema leu o cadastro delas como duplicidade. Eu não sei como porque até CPF eu já tirei para cada uma elas. A instrução que eu tive era de desistir da vaga. Eles cancelariam o cadastro das duas, começaria tudo de novo e as duas provavelmente ficaram sem escola. Então, eu não aceitei", explicou a mãe Vanessa.

Para que as duas crianças frequentassem a escola, a mãe tomou uma decisão de revezar as filhas.

"No ano passado, eles me fizeram desistir da vaga para Suzana e esse ano eu disse que não ia desistir. Decidi que ia mandar as duas na mesma vaga. Vou intercalar, um dia para cada uma. A Suzana vai de segunda e quarta, a Samira vai de terça e quinta e na sexta-feira, uma semana para cada", conta.

Na última terça-feira, dia da Samira ir à aula, a mãe avisou a escola sobre a troca. Na hora da chamada, a Samira não respondeu e a Suzana levou falta. Quando a mãe foi buscar a menina, foi repreendida pela coordenação e teve que assinar um livro de ocorrência.

Vanessa afirmou que vai manter o revezamento das filhas até o fim desta semana, como forma de protesto. Ela já procurou o Conselho Tutelar, o Ministério Público e a Diretoria de Ensino da Prefeitura, mas até agora não houve solução.

A secretaria municipal da Educação divulgou uma nota sobre o caso. O órgão reconhece que houve um erro no cadastramento da Samira, lamenta profundamente o que aconteceu e pede desculpas a Vanessa.

Segundo a secretaria, o problema foi causado porque um funcionário que atendeu a mãe das gêmeas, quando ela se mudou para a Zona Leste, não recuperou os dados do cadastro que Vanessa já tinha na Prefeitura. A secretaria diz que vai apurar o erro e que está resolvendo o problema. As duas meninas terão vagas garantidas nos próximos dias, segundo a secretaria.

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