Passada a greve dos motoristas e cobradores de ônibus, prefeitura de Curitiba e empresários do transporte agora têm um último reajuste a fazer: a nova tarifa técnica do setor. Esse é o custo do transporte dividido por um cálculo que envolve a projeção de passageiros para o ano. Quanto menos passageiros projetados, maior o valor dessa tarifa. E a primeira estimativa realizada pela gestão de Rafael Greca (PMN) é a mais pessimista desde a assinatura do contrato de concessão do setor, apesar de ainda ser maior do que o estimado pelas empresas.
INFOGRÁFICO: Projeção do número de passageiros
A Urbs estima que os ônibus de Curitiba irão transportar 16.174.214 passageiros por mês entre março de 2017 e fevereiro de 2018 – um total de 194,09 milhões. Esse número é 2% menor que o realizado no mesmo período anterior -- ou 3,95 milhões usuários a menos no acumulado dos 12 meses. A gestão Gustavo Fruet havia projetado uma estabilização no total de pessoas transportadas em 2016, mas o resultado foi uma queda de 6,5% -- 13 milhões a menos.
O último levantamento da Associação Nacional das Empresas de ônibus (NTU) mostrou que a capital paranaense havia perdido 8% de passageiros no sistema entre 2015 e 2014, contra uma média nacional de 4 % de queda. A projeção da Urbs de 2016, portanto, contrariou o cenário de retração do setor. Com o resultado negativo, as empresas de ônibus apontaram para um prejuízo de R$ 50 milhões.
De acordo com o edital de licitação do transporte, “utiliza-se como estima de passageiros a tendência ocorrida no último período tarifário considerando as eventuais situações de atipicidade”.
Ao longo dos últimos quatro anos, a gestão Gustavo Fruet respondeu que os furos entre projeção e realização eram um “risco próprio da atividade empresarial”. E até mesmo a atual gestão já havia se posicionado no mesmo sentido, dizendo que “as empresas, quando assinaram o contrato, tinham pleno conhecimento das regras estabelecidas no edital”.
Em fevereiro passado, os empresários convocaram coletiva de imprensa para divulgar estudo realizado sob a coordenação do professor Cassius Scarpin -- do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo as empresas, o estudo era a prova cabal de que a Urbs superestimava as projeções. A primeira análise, realizada um ano antes, havia projetado 196,8 milhões de passageiros entre março de 2016 e fevereiro de 2017. O sistema transportou 1,2 milhão a mais do que isso. Já a estimativa da Urbs era de 211,860 milhões de passageiros.
Para esse próximo período tarifário, que vai até fevereiro de 2018, a previsão do estudo encomendado pelos empresários é de 183,6 milhões.
“Projeção é só uma projeção”?
Na última terça-feira (21), o atual presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto, entrou no assunto ao responder à desembargadora Marlene Suguimatsu durante audiência de conciliação do Tribunal Regional do Trabalho. A magistrada perguntou se não era possível mexer nessa projeção uma vez que “projeção é só uma projeção”.
“O fundo [do transporte] funciona como um condomínio, temos um custo e o número de condôminos que divide essa conta. Quando temos um furo nessa projeção, ou seja, diminuição de condôminos, essa taxa [a tarifa do ônibus] sobe. Fizemos essa projeção [de aumento de 6% na folha salarial] para dar garantia da manutenção da oferta ao usuário em cima de uma projeção de 16 milhões [passageiros] para 2017. A certeza de que esses 16 milhões ocorrerão só teremos no final desse período. Estamos assumindo um risco nessa projeção de uma forma otimista”, disse Andreguetto.
O que dizem as empresas
O Setransp, sindicato que representa as empresas de ônibus, informou que pediu o auxílio dos professores da UFPR para a realização desses cálculos para dar total transparência aos números da projeção de passageiros e buscar aproximá-los da realidade. Segundo o sindicato, só será possível aferir se os números projetados vão refletir a realidade após o fim do período tarifário. “No entanto, um indicativo forte de que os cálculos são confiáveis foi o fato de que a diferença entre o projetado pelos professores da UFPR e o realizado no período tarifário anterior, de março de 2016 a fevereiro de 2017, foi de apenas 1%, enquanto pelos cálculos da Urbs chegou a quase 7%.”
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