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Policiais cumprem mandados de prisão no Porto na quarta-feira, dia da operação: total de presos chegou a 71 ontem | Bianca Marchini/Gazeta do Povo
Policiais cumprem mandados de prisão no Porto na quarta-feira, dia da operação: total de presos chegou a 71 ontem| Foto: Bianca Marchini/Gazeta do Povo

Prisões

Mais cinco suspeitos se entregam

Cinco pessoas se entregaram ontem na sede da Polícia Federal (PF) em Paranaguá. Todas elas seriam moradores da cidade. Ao todo, agora, são 71 presos em cinco cidades do Paraná, em Itajaí (SC), Santos (SP) e Dourados (MS). Entre os detidos estão os policiais civis Cláudio Roberto Alves de Oliveira, que atuaria em Paranaguá, Sidnei Pereira de Lara e Vanderlei Roberto de Oliveira. Os três são suspeitos de receber dinheiro para não conter os criminosos. Até a tarde de ontem, foram ouvidas cerca de 30 pessoas pelos policiais federais.

Um caminhão também foi apreendido em Dourados, mesma cidade em que foi encontrado Sidney Alessi, conhecido como "Sidão". O veículo soma-se a outros 14 apreendidos durante a ação. De acordo com a PF, "Sidão" é suspeito de ser mentor e chefe de uma das maiores quadrilhas do esquema e estaria envolvido com os desvios de óleo de soja.

A polícia pediu o sequestro de bens de alguns integrantes que foram avaliados em R$ 1,1 milhão. Os bens bloqueados são, na maioria, carros e caminhões. Alguns dos detidos negam a participação. Caminhoneiros

Grande parte dos detidos é caminhoneiro. A polícia ainda não sabe precisar quantos são, mas o caso gerou preocupação entre a classe. O vice-presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná, Laertes Freitas, afirma que as prisões atingem a credibilidade dos trabalhadores honestos. "A classe fica abalada", diz. Ele pede para que as empresas que contratam serviços de caminhoneiros entrem em contato com o sindicato para conhecer quem é profissional idôneo (DR e BM).

Serviço:

o telefone para a central de frete do sindicato é (41) 3347 1718.

O desvio de cargas no Porto de Paranaguá causou um prejuízo de pelo menos R$ 1,7 milhão às empresas que tiveram seus produtos furtados. O valor, ainda parcial, foi divulgado ontem pela Polícia Federal (PF) que investiga o caso desde o ano passado na operação batizada de Colônia. O maior déficit foi causado às empresas de fertilizantes, com perdas na ordem de R$ 800 mil. O setor de grãos foi a segunda maior vítima, com R$ 500 mil em desvios, à frente apenas do óleo de soja, que teria perdido cerca de R$ 435 mil em mercadorias.

A notícia sobre o prejuízo financeiro ainda não havia sido repassada às empresas que foram vítimas da fraude. Elas serão chamadas para prestar depoimento mas, de acordo com a PF, ainda não há data para que isso ocorra em razão do alto número de presos e depoimentos que serão realizados.

De dezembro do ano passado até o fim de setembro deste ano, as investigações apontaram para desvios de, pelo menos, 490 toneladas de grãos, 1.138 toneladas de fertilizantes e 290 toneladas de óleo de soja. De acordo com a polícia, os casos de retiradas irregulares do óleo ocorreram cerca de dez vezes durante as diligências.

O diretor da empresa Catallini, que presta serviços no setor de óleo de soja, Cláudio Fernando Daudt, afirma que a companhia não tomou conhecimento do teor das investigações. "Ainda não sabemos de nada", diz. Dois balanceiros da empresa estão entre os detidos. Eles seriam peças principais no esquema. A polícia acredita que eles lançavam as notas de carregamentos fictícios que chegavam à empresa.

Daudt deixou claro, porém, que apesar de não ter informações sobre o caso, os clientes da Cattalini não foram afetados. A empresa Andali, que armazena fertilizantes, seria outra vítima, assim como a Yara. O gerente comercial da Andali, Élvio Piekarski, informou que os diretores da empresa se reuniriam, na tarde de ontem, para falar sobre o caso, mas não se pronunciariam. Eles também relatam desconhecimento sobre a Operação Colônia. A empresa Yara foi contactada, mas não respondeu à reportagem.

Uma das empresas acusada de ser receptadora das cargas desviadas, a Solo Vivo, tem sede em Paranaguá. O gestor judicial da firma, que pediu para não ter o nome divulgado, disse não ter informações sobre o que aconteceu. Ele acredita que há equívocos sobre o envolvimento da Solo. A empresa, de acordo com ele, teve problemas econômicos e passa por uma recuperação judicial.

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