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Museu de Arqueologia, em Paranaguá: cidade pretende usar os recursos do PAC principalmente para preservar os prédios já tombados | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Museu de Arqueologia, em Paranaguá: cidade pretende usar os recursos do PAC principalmente para preservar os prédios já tombados| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Cidades aguardam repasse do dinheiro

Lançado em outubro, o PAC das Cidades Históricas prevê R$ 250 milhões ao ano para cidades que têm centros históricos ou estão em processo de tombamento. Dos R$ 134 milhões previstos para a fase inicial, apenas R$ 70 milhões já foram liberados.

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  • A igreja matriz de Castro, construída em 1876, terá recursos do programa

Ponta Grossa - Cartões-postais de municípios paranaenses receberão uma ajuda do governo federal para tentar eternizar suas características. O PAC das Cidades Históricas, lançado em outubro, incluiu seis cidades do Paraná no mês passado (Castro, Morretes, Lapa, Antonina, Guaratuba e Paranaguá). As prefeituras correm atrás dos projetos para iniciar o quanto antes as ações. A meta é preservar os prédios e bens culturais, mas, ao mesmo tempo, desenvolver a economia local. "O programa não congela as cidades, mas vê o patrimônio como um fator de qualificação", comenta o coordenador do Monu­­menta – programa que inspirou o PAC das Cidades Históricas –, Robson Antonio de Almeida.

Por não se centrar nos tombamentos, o programa está sendo bem recebido pelas cidades. Castro, nos Campos Gerais, é um exemplo. Em 2004, a população saiu às ruas para protestar contra a iniciativa do governo estadual em tombar o equivalente a 40 quadras no centro da cidade para manter as características dos prédios antigos – a maioria deles uti­­lizada como pontos comerciais. Agora, conforme o presidente da Associação Comercial e Em­pre­­sarial de Castro, Rodrigo Morais da Silva, está se buscando um "misto entre desenvolvimento econômico e preservação". O secretário municipal de Esportes e Cultura, Clóvis Henrique Coradassi, concorda. "Anterior­­mente tentou-se implantar um projeto de cima para baixo; agora não, a comunidade está envolvida", considera.

A prefeitura pediu R$ 35,7 milhões ao governo federal, mas receberá R$ 12 milhões neste ano. O restante será repassado nos próximos três anos. O dinheiro ainda não foi depositado, embora os projetos já estejam em andamento. Conforme a secretária municipal de Planejamento, Renata Macedo de Paula, estão elencadas 50 ações, entre elas a reforma e a restauração de oito imóveis já tombados, como a igreja matriz Senhora Sant’Ana, construída em 1876, a revitalização das vias centrais e a substituição dos postes convencionais pelos de fios subterrâneos.

Conforme Coradassi, a prioridade será para o prédio da antiga Estação Ferroviária, inaugurada em dezembro de 1899. O prédio, que simboliza o auge do desenvolvimento do município de 306 anos de idade, devido à estrada de ferro, hoje está fechado. O abandono foi um convite aos vândalos, que quebraram vidros e escreveram nas paredes. A situação do prédio causa indignação em Na­­tael Bittencourt, 86 anos, que é sobrinha do músico Bento Mos­­surunga, compositor do Hino do Paraná. "Sou castrense e tenho orgulho da minha cidade. Já usei a estação quando era criança e fazia uma viagem para Minas Gerais. O prédio está abandonado e isso é muito triste", afirma. Coradassi lembra que o imóvel é da União e precisa de autorização formal para iniciar a restauração, que deve começar pelo teto, que ameaça cair.

Mobilidade

Em Paranaguá, que também será contemplada pelo programa, a comunidade participou de uma discussão neste mês com a coordenação do programa a fim de registrar as deficiências existentes no centro histórico, já reconhecido pela União, e as possíveis soluções. De acordo com o assessor de gabinete Luiz Affonso Ribeiro da Silveira, um dos temas discutidos foi o uso dos pontos turísticos da cidade de forma organizada pelo trânsito e pelos pedestres. "Quando se fala em tombamento, a primeira reação da população é de reserva, com medo de que o processo possa prejudicar a atividade comercial, mas na verdade é exatamente o contrário, porque você permite a humanização do espaço e o comércio se fortalece", comenta. Os recursos para Paranaguá ainda não estão definidos, mas a prefeitura está elaborando os projetos, visando inclusive à acessibilidade a portadores de deficiência, com pisos táteis e com pavimentos adequados à passagem de cadeiras de rodas.

Paranaguá, a cidade mais antiga do Paraná, pretende usar os recursos do PAC das Cidades Históricas principalmente para preservar os prédios já tombados e revitalizar o centro, que foi tombado pelo Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Ar­­tístico Cultural (Iphan) em dezembro. São cerca de 400 edificações a serem preservadas, entre elas a igreja de São Benedito, o Museu de Arqueologia, que foi a primeira Escola de Jesuítas do Paraná no século 16, e a Catedral Diocesana.

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