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Crime ocorreu em um edifício de alto padrão na Gleba Palhano, zona sul de Londrina | Roberto Custódio / Jornal de Londrina
Crime ocorreu em um edifício de alto padrão na Gleba Palhano, zona sul de Londrina| Foto: Roberto Custódio / Jornal de Londrina

O diretor-presidente da Cooperativa de Cafeicultores da Cidade de Porecatu (Cofercatu), o empresário agrícola José Otaviano de Oliveira Ribeiro, 69 anos, e a mulher dele, a nutricionista Tathiana Name Colado Simão, 35 anos, foram encontrados mortos na manhã desta quarta-feira (24) dentro de um apartamento do edifício Torre Madri, na Rua João Wyclif, na Gleba Palhano, zona sul de Londrina. A principal hipótese apontada pela Polícia Civil é de crime passional.

Durante a tarde, o delegado William Douglas Soares declarou, em entrevista ao JL por telefone, que as primeiras evidências apontavam para o fato de Tathiana ter atirado contra Ribeiro e em seguida disparado contra a própria cabeça. Mas no início da noite, em entrevista ao telejornal PRTV 2ª Edição, o delegado apresentou uma nova versão para o caso.

"Na cena do crime foram encontradas três cápsulas, mas apenas dois projéteis. Num primeiro momento, nós tínhamos visualizado apenas um orifício de entrada e saída em cada um dos corpos. Mas, para nossa surpresa, percebemos durante a necropsia que a Tathiana foi alvejada por dois disparos", revelou o delegado. "É certo dizer que ela não cometeu suicídio. Ela foi vítima de homicídio. A primeira hipótese está descartada", declarou.

Segundo ele, a linha de investigação ainda mostra evidências de um homicídio seguido de suicídio. "Outros exames serão suficientes para traçar uma dinâmica mais precisa do que ocorreu na cena do crime", avaliou.

Segundo informações de familiares, Tathiana era casada com Ribeiro há dois meses. Ela tinha um filho, de outro relacionamento. "Tanto a mãe quanto uma irmã dela confirmaram que por volta das 23h30 de terça-feira (23) a Tathiana levou o filho para a casa do pai da criança", disse o delegado. O fato seria uma prática corriqueira. "Os familiares disseram que pelo menos uma, e às vezes até por três vezes na semana, a criança dormia na casa do pai", falou Soares.

Tathiana teria voltado para o apartamento onde morava com Ribeiro após deixar o filho com o pai. Às 0h51, foi feita uma chamada de emergência para o telefone 190, partindo do telefone de Ribeiro. O teor da chamada, porém, continua desconhecido. "Houve um problema no sistema que grava as chamadas na central da polícia. Estamos tentando localizar o atendente que recebeu a ligação para confirmar qual foi o teor do telefonema", disse o delegado.

Vizinhos teriam ouvido uma discussão do casal à noite. O último contato com familiares teria sido feito por volta das 21h30 de terça-feira (23). Os dados preliminares da Polícia Civil apontam que o crime ocorreu durante a madrugada de quarta-feira (24), entre uma e duas horas da manhã.

Corpos foram encontrados às 9h

Na manhã desta quarta-feira, as empregadas que trabalhavam para o casal não tiveram autorização para entrar no apartamento, segundo o delegado. A mãe de Tathiana foi chamada, pois teria a senha de acesso do elevador. Por volta das 9h, quando entraram no apartamento, a mãe, as empregadas e um funcionário do condomínio encontraram os corpos do casal sobre a cama.

Para o delegado, o acesso restrito ao apartamento indica que não houve uma terceira pessoa na cena do crime. "Dado o nível de segurança presente no condomínio, nós praticamente excluímos a possibilidade de haver outra pessoa, além do casal, no quarto no momento dos disparos", disse.

Arma estava registrada no nome de Ribeiro

A arma que, segundo o delegado, foi encontrada entre os dois corpos sobre a cama, estava registrada no nome de Ribeiro. Além das cápsulas e dos projéteis, também foram encontradas no quarto algumas garrafas de vinho abertas. "Eram quatro garrafas, todas praticamente vazias, o que sugere que houve a ingestão de bebida alcoólica antes do crime". Familiares confirmaram à polícia que Tathiana tomava remédios de uso contínuo. Tathiana tinha uma faca em uma das mãos, mas nem ela nem Ribeiro apresentavam marcas ou cortes, de acordo com o delegado.

Para familiares, casal vivia bem

Sobre o relacionamento do casal, Soares disse que a família de Tathiana não via motivos para o crime. "A irmã dela, em conversa informal nesta manhã, disse que os dois aparentemente viviam bem, sem grandes brigas ou discussões. Na avaliação deles, não havia motivos para o crime", apontou o delegado.

A reportagem entrou em contato com Benedito Graça Sobrinho, advogado da família de Ribeiro. Segundo ele, a família está muito abalada e não vai se pronunciar a respeito. "Estão todos muito chocados, é um momento muito difícil para a família", disse.

Exames devem ser concluídos em uma semana

O perito Rafael Greve, do Instituto de Criminalística, confirmou à reportagem do JL que os exames laboratoriais que podem detectar a presença de pólvora nas mãos de Tathiana devem ser concluídos em uma semana. "Somente com esses resultados será possível reconstruir a dinâmica do crime. Se houver sinais de pólvora nas mãos de Tathiana, fica mais clara a hipótese de que ela tenha cometido o crime", disse.

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