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Um dos presos chega à sede da Polícia Federal no Rio. A operação contou com 150 agentes da PF | André Az/O Dia/AE
Um dos presos chega à sede da Polícia Federal no Rio. A operação contou com 150 agentes da PF| Foto: André Az/O Dia/AE

Rio de Janeiro - A Polícia Federal prendeu ontem o bicheiro Aniz Abrahão David, o Anísio, com outras 14 pessoas, entre elas o agente da PF do Rio Luciano Delgado Botelho, lotado na Delegacia da Ordem Social e Política. Anísio é presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Baixada Fluminense, e acusado de comandar uma quadrilha de estelionatários que lavava, em Natal (RN), dinheiro arrecadado com a exploração ilegal de caça-níqueis na região metropolitana do Rio. A PF não informou a quantia em dinheiro que a quadrilha movimentava.

Botelho, segundo o superintendente da PF no Rio Valdinho Caetano, teria uma "participação ativa" na quadrilha, seria sócio de Anísio, mentor intelectual da lavagem de dinheiro e teria pontos de exploração de caça-níqueis em Nilópolis. A Operação 1357 – o nome foi dado porque os acusados se relacionavam pelo apelido de "primo" e os números escolhidos para identificar a operação são números primos – derivou da Operação Escambo, da Polícia Federal do Rio Grande do Norte, que investigava atividades irregulares de câmbio de moeda.

"Eles detectaram a presença de um agente da PF naquela área que freqüentava muito as casas de câmbio irregulares e notificaram a PF em Brasília. Iniciamos uma investigação e descobrimos que o agente tinha uma grande importância na quadrilha. Ele conhecia um doleiro em Natal e sugeriu ao Anísio que o dinheiro fosse lavado lá. O agente subiu na hierarquia do bando e consideramos que ele seja sócio do Anísio. Era ele quem transportava o dinheiro para Natal e fazia o câmbio", disse Caetano.

Para a operação, a 2ª Vara Criminal Federal de Natal expediu, a pedido da PF, 16 mandados de prisão. Dois foram cumpridos em Natal, 13 no Rio e o último não foi finalizado porque o suspeito faleceu na semana passada de morte natural. Anísio, Botelho e outras duas pessoas que tiveram mandado de prisão preventiva decretados foram levados à tarde para Natal. Os outros nove presos que tiveram a prisão temporária decretada ficarão à disposição da Justiça num presídio do Rio.

A prisão foi pedida à Justiça Federal do RN porque a lavagem de dinheiro era feita lá. A operação contou com 150 agentes da PF que cumpriram também 32 mandados de busca e apreensão – dois no Espírito Santo, 28 no Rio e dois em Natal. Máquinas de caça-níqueis, automóveis de luxo, computadores e documentos estão entre os objetos apreendidos. Os presos responderão por crime de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, exploração de caça-níqueis e câmbio irregular.

No ano passado, Anísio foi preso duas vezes durante a operação Hurricane (furacão), que também identificou uma quadrilha envolvida com caça-níqueis. Ele foi solto pela última vez em dezembro de 2007 por causa de uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e participou do desfile da Beija-Flor, campeã do carnaval deste ano. Em 1993, ele também foi preso acusado de fazer parte da cúpula do jogo do bicho. Até a noite de hoje (29), o advogado de Anísio, Ubiratan Guedes, não havia retornado às ligações da reportagem. O nome do advogado do agente da PF e dos outros presos não havia sido revelado pela Superintendência da PF.

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