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O homem tido como o maior financiador de umas das principais facções criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), foi preso em Londrina, no Norte do Paraná, e transferido, na manhã de ontem, para Curitiba. José Reinaldo Girotti, vulgo "Alemão", foragido da Justiça há cinco anos, era o primeiro da lista de procurados pela Polícia Federal (PF) em todo o país, e considerado o braço direito do líder do PCC (facção surgida em São Paulo), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Na extensa ficha criminal de Girotti há cerca de 30 processos criminais, 25 inquéritos policiais e 15 mandados de prisão. A maioria dos crimes é relacionada a assaltos a banco.

Considerado exímio planejador, Girotti é suspeito de arquitetar os principais assaltos a bancos ocorridos no país nos últimos anos. Segundo a polícia, dependendo da ação, ele formava um grupo e recrutava os "soldados do crime" de acordo com as necessidades de execução do plano. Seu "modus operandi" era seqüestrar familiares de gerentes de bancos e empresas de segurança bancária para efetuar os roubos. Estima-se que, em dez anos de atividade criminosa, Girotti seja responsável pelo roubo de cerca de R$ 100 milhões.

Chacal

A operação responsável por efetuar a prisão de Girotti foi denominada "Chacal". De acordo com a PF, este nome se deve ao fato do criminoso utilizar diversos disfarces para fugir da polícia e também pela sua importância dentro do PCC. As investigações da PF para prender Girotti começaram há cerca de um ano e meio. "Ficamos monitorando os passos dele nesse meio tempo, fizemos a prisão dele no momento exato, adequado, para que ele não reagisse. Nosso papel é evitar um confronto armado", afirma o superintendente da PF, no Paraná, Jaber Makuhl Saadi.

Segundo Saadi, com a prisão de Marcola, na Penitenciária de Presidente Bernardes, Girotti teria assumido os negócios da facção criminosa. "Ele se expôs mais e acabou preso", explica.

Na noite de terça-feira, equipes da PF saíram de Curitiba rumo a Londrina para prender Girotti. O bandido foi surpreendido pela polícia ao sair do supermercado Carrefour, no Shopping Catuaí, onde fazia compras. De acordo com a PF, Girotti estava hospedado com a esposa e filhos num hotel na cidade. Ele havia comprado uma mansão luxuosa no condomínio residencial Alphaville e estava terminando de arrumá-la. O pagamento do imóvel teria sido em espécie e Girotti teria usado nome falso para efetivar a compra. Girotti foi preso com algumas jóias, R$ 8 mil em dinheiro, cinco celulares e 17 documentos falsos. Também foram apreendidos pela polícia dois automóveis que estavam na residência dele.

Girotti passou o dia de ontem na sede da PF-PR, em Curitiba, prestando depoimento. Entre ontem e hoje, ele será removido, possivelmente para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Catanduvas, no Oeste do Paraná, onde já está preso Fernadinho Beira-Mar, chefe do Comando Vermelho. Por medida de segurança, a PF não informou quando, exatamente, ocorrerá a transferência. "Queremos que ele seja removido o quanto antes", diz Saadi. Medidas de segurança estão sendo tomadas pela PF para evitar que Girotti seja resgatado, como aconteceu em 2000, quando ele foi preso em São Paulo.

De acordo com a PF, as investigações das ações de Girotti tomaram novos rumos a partir do roubo do cofre de penhores da Caixa Econômica Federal (CEF) da agência Bacacheri, em Curitiba, no último dia 26. No dia do crime, nove pessoas ligadas a uma empresa de segurança privada associada à CEF foram mantidas reféns por seis horas. Estima-se que foram levados cerca de R$ 3 milhões, entre ouro e jóias, na ação criminosa. Na época, as investigações da polícia apontaram indícios de que Girotti estaria ligado ao crime.

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