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O economista Ricardo Barollo, que seria o líder do movimento neonazista no Brasil, chegou a ficar preso em Curitiba | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O economista Ricardo Barollo, que seria o líder do movimento neonazista no Brasil, chegou a ficar preso em Curitiba| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O caso

Na próxima quarta-feira, a morte do casal completa um ano. Saiba como anda o processo:

21 de abril de 2009 – Os namorados Bernardo Dayrell Pedroso, 25 anos, e Renata Waechter Ferreira, 21 anos, são mortos com tiros na cabeça na BR-476, em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba. Eles davam carona a uma amiga, depois de um churrasco realizado em uma chácara, em comemoração pelo aniversário do ditador norte-americano Adolf Hitler. Inicialmente a polícia trabalha com a hipótese de latrocínio (assalto seguido de morte).

30 de abril de 2009 – A partir de investigações do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil, são presos Ricardo Barollo (em São Paulo), Rosana Almeida, Jairo Maciel Fischer, Gustavo Wendler, Rodrigo Motta e João Guilherme Correa (todos em Curitiba). Barollo é acusado de ser o mandante do crime. O motivo seria uma disputa interna por poder em um grupo de orientação neonazista.

2 de julho de 2009 – A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concede habeas corpus para Ricardo Barollo, que é solto pela Justiça.

28 de outubro de 2009 – A Justiça determina nova prisão de Ricardo Barollo.

30 de outubro de 2009 – A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concede liminar a Barollo, permitindo que ele responda o processo em liberdade. Na sequência, os outros acusados também são soltos.

15 de abril de 2010 – A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça concede habeas corpus definitivo a Barollo. Dessa forma, o suspeito só poderá ter a prisão preventiva decretada se houver provas de que ele esteja coagindo testemunhas ou atrapalhando novas investigações da Justiça.

Por decisão unânime, a 1.ª Câ­­mara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) manteve o habeas corpus que permite ao economista paulista Ricardo Barollo responder em liberdade à acusação de assassinato do casal de namorados Ber­nardo Dayrell Pedroso, 25 anos, e Renata Waechter Ferreira, 21 anos. Dessa forma, a Justiça só poderá decretar prisão preventiva de Barollo se surgirem novos indícios que comprovem tal necessidade.

Dayrell e Renata foram mortos a tiros na BR-476 em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, no dia 21 de abril de 2009, após uma festa em comemoração pelo aniversário do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945). O inquérito, conduzido pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), aponta que a morte seria consequência da disputa interna por poder em um grupo de orientação neonazista com ramificações em São Paulo e nos três estados do Sul.

A prisão preventiva de Barollo foi solicitada pela juíza de Campina Grande do Sul – comarca a que pertence Quatro Barrras e onde será julgado o processo –, Paula Priscila Candeo Haddad Figueira. A alegação era que, em liberdade, Barollo poderia coagir testemunhas ou mesmo atrapalhar a coleta de novas provas. O argumento não foi aceito pela câmara do TJ.

Para os desembargadores Luiz Osório Moraes Panza, Telmo Che­rem e Jesus Sarrão, que votaram a favor do habeas corpus, não há nenhuma prova concreta que sustente a prisão preventiva do economista. Na decisão, os desembargadores levaram em consideração o fato de o acusado, que reside em São Paulo, dispensar o depoimento por carta precatória e se dispor a vir pessoalmente ao fórum de Campina Grande do Sul prestar esclarecimentos à Justiça. "O Tribunal de Justiça manteve a coerência na decisão. Não há nada de objetivo para se declarar a prisão do meu cliente. Apenas especulações e hipóteses abstratas", afirma o advogado de Barollo, Adriano Bretas.

Além de Barollo, os outros cinco acusados do crime também estão em liberdade. São eles: Rosana Almeida, Jairo Maciel Fischer, Gustavo Wendler, Rodrigo Motta e João Guilherme Correa.

Indignação

A família de Renata, que compareceu à sessão ontem, ficou indignada com a decisão. O pai da moça, o projetista mecânico Amadeu Ferreira Júnior, afirma que se sente ameaçado com a liberdade de Barollo. "Essa decisão foi um tapa na nossa cara. A prova maior de que esse rapaz é perigoso está no cemitério, que é o túmulo da minha filha", disse o pai após a audiência.

Ferreira afirma que por medo chegou a mudar de endereço após a morte de Renata. "A gente não dorme mais em paz. Se ele fez isso com minha filha e o namorado dela, pode muito bem mandar fazer o mesmo com a minha família. Não consigo entender como a Justiça não percebe isso", argumenta o pai da vítima.

Lentidão: Processo está parado há um ano

A morte dos estudantes Bernardo Dayrell Pedroso e Renata Waechter Ferreira completa um ano em cinco dias, mas ainda não há data marcada para o julgamento. A Justiça ainda não colheu nenhum depoimento. Apenas recebeu a conclusão do inquérito, conduzido pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

Durante a audiência de ontem da 1ª Câmara Criminal, o desembargador Jesus Sarrão propôs notificar a Corregedoria da Justiça sobre a lentidão no trâmite.

O advogado de Barollo, Adriano Bretas, afirma que o processo está parado há cinco meses no fórum de Campina Grande do Sul. "Até agora não tive acesso aos autos", reclama. Para o pai de Renata, Amadeu Ferreia Júnior, a demora prejudica a busca por provas. "Se o processo estivesse em andamento, tenho certeza que a Justiça encontraria indícios suficientes para manter o Barollo preso".

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