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Projetos podem operar antes das unidades do Rio Madeira

Boa parte dos projetos hidrelétricos paralisados pode sair do papel, se o governo tiver o mesmo empenho dedicado às usinas do Rio Madeira. Especialistas do setor defendem a idéia de criar um grande mutirão para resolver os problemas dessas usinas, que poderiam entrar em operação antes das unidades do Rio Madeira e ajudar o Brasil nos períodos críticos previstos para 2009, 2010 e 2011. "Se isso não ocorrer, o governo vai ter de lançar mão de outras fontes de energia, como o óleo e o carvão, para aumentar a oferta do sistema", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires. Na opinião dele, o governo está olhando lá na frente e não vê o cenário que se aproxima. Mas ainda há tempo para destravar as hidrelétricas, diz ele. "Pena que não vejo nenhum movimento nesse sentido."

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São Paulo – Enquanto o governo comemora a liberação da licença prévia das hidrelétricas do Rio Madeira (6.450 MW), uma série de outras usinas de pequeno e médio portes está empacada há anos por causa de problemas ambientais e jurídicos. Juntas, essas unidades representam quase um Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira espalhado pelos quatro cantos do país, segundo relatório de Fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), referente ao mês de junho. No total, são 5.754 MW de potência, entre hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs, que produzem até 30 MW por unidade). A construção dessas usinas significaria injetar na economia recursos da ordem de R$ 13,2 bilhões, sem considerar os investimentos indiretos que essas obras exigem.

Boa parte das hidrelétricas acompanhadas pela Aneel foi licitada entre 2001 e 2002, nas antigas regras do setor elétrico. Ao contrário do modelo atual, naquela época os projetos eram concedidos aos investidores sem a liberação da licença prévia e sem a preocupação se o empreendimento tinha ou não viabilidade ambiental.

Hoje, das 36 hidrelétricas acompanhadas pela agência reguladora, 13 têm graves problemas para a entrada em operação e nove tem algum tipo de impedimento. Ou seja, apenas 14 estão liberadas. Mesmo assim, boa parte das unidades está com o cronograma atrasado para o início de funcionamento. São essas usinas que estão sendo consideradas pelo governo para aumentar a oferta de energia até 2011.

"O atraso das hidrelétricas significa um aumento no risco de o país decretar um racionamento em 2010 e 2011", afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Salles, que tem acompanhado de perto o andamento das usinas incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Entre essas unidades, o atraso no cronograma elevou de 8% para 8,5% o risco de desabastecimento em 2010 e de 14% para 16,5%, em 2011. "O índice razoável é 5%", diz ele.

O quadro das PCHs é ainda pior. São 201 usinas, sendo 109 com licença de instalação e 92 sem licença de instalação. Mas, independentemente do estágio, a maioria está com selo amarelo e vermelho no relatório da Aneel e soma 2.681 MW. Apenas 14 PCHs estão sem nenhum tipo de impedimento para a entrada em operação. Nesse caso, as usinas não são licitadas, apenas autorizadas pela agência reguladora.

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