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Clarindo planeja criar um dicionário de Curitiba e de todo o estado. | Gisele Barão/Gazeta do Povo
Clarindo planeja criar um dicionário de Curitiba e de todo o estado.| Foto: Gisele Barão/Gazeta do Povo

O professor de literatura e português Adrian Clarindo é apaixonado por dicionários. E esse foi o formato escolhido por ele para reunir expressões populares em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Termos como “ade”, “carpir o trecho”, “piá de prédio” e “vazar”, comuns nas conversas dos ponta-grossenses, viraram verbetes no Dicionário de Ponta Grossa, aplicativo para celular gratuito lançado no mês passado.

Na cidade, para chamar alguém de sovina ou pão-duro, também dá para dizer “curu”. Ficar sem fazer nada é ficar “de varde”. Uma pessoa boba é “tonga”. Se alguém abusa do consumo de energia elétrica, chamamos de “sócio da Copel”. Assim como em outras cidades paranaenses, a salsicha é indiscutivelmente “vina”. E por aí vai. A coletânea de 100 expressões está disponível para aparelhos Android. Ainda neste semestre, estará disponível para iOS.

Quando via os amigos lendo em voz alta os termos, sentia uma certa falta da melodia da voz típica da região de Ponta Grossa

Adrian Clarindoprofessor de literatura e português.

O jeito de falar faz parte da cultura e identidade locais. Clarindo explica que os moradores de Ponta Grossa têm orgulho do vocabulário falado na cidade, que além das palavras, tem uma entonação muito particular. Por isso, cada verbete do dicionário também traz uma frase em áudio. Familiares gravaram as vozes, e o amigo Daniel Sanches ajudou a desenvolver o aplicativo.

Nem todas as palavras do dicionário foram criadas ou são usadas apenas em Ponta Grossa, há termos comuns em outras cidades do interior e em Curitiba. O professor, que ainda planeja criar um dicionário da capital e de todo o estado, pesquisou sobre os verbetes ao ouvir e conversar com moradores da região. A ideia é ampliar o dicionário a cada nova atualização. “Isso é o bom dos aplicativos, esta dinamicidade tecnológica. A pessoa de Ponta Grossa que esteja conversando sobre isso em qualquer lugar do país, por exemplo, até em terras estrangeiras, pode em um minuto baixar o aplicativo de graça e mostrar aos amigos”.

Livro

Boa parte das expressões populares usadas na cidade também está no livro “Jacu Rabudo – a linguagem coloquial em Ponta Grossa”, lançado em 2009 pelo professor e linguista Hein Bowles. A obra é uma das mais vendidas na cidade e, no mês passado, chegou à quarta edição, ampliada.

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