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O professor de educação física Benjamim Júnior, responsável técnico pela academia Ômega Fitness, em Praia Grande, Litoral Sul de São Paulo, negou nesta segunda-feira (30) que a adolescente Jenyfer Sthefane tenha comprado ou feito uso de anabolizantes na academia. A jovem de 16 anos era aluna do local e morreu na sexta-feira (27), em Osasco, na Grande São Paulo, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Segundo sua família e amigos, ela consumia anabolizantes.

"Aqui dentro a gente tem certeza que não vende e ninguém usa", afirmou Júnior. Segundo ele, Jenyfer, que malhava no local havia cerca de 1 ano e meio, o procurou para tirar dúvidas sobre as substâncias que aumentam a massa muscular. "Ela queria saber quais os efeitos, como funcionava, e eu expliquei. Falei que ela poderia ficar com características masculinas, que por ser mulher e nova não ia aumentar tanto, para ela sair dessa", contou o professor.

Depois dessa ocasião, a jovem não tocou mais no assunto com ele. "O que a gente faz é dar esclarecimentos, explicar para que é usado, como pode ser usado. Mas não dá para ficar monitorando os alunos 24 horas por dia, fora da academia", explicou.

Seguindo Júnior, Jenyfer tinha uma boa frequência – ia à academia de três a quatro vezes por semana. Desde o início, ele notou na adolescente uma preocupação grande com a estética e a vontade de um ganho muscular rápido.

Apesar de a jovem ter tocado no assunto logo que começou a frequentar a academia, o professor disse que não era aparente nela o uso de substâncias proibidas. "A gente ouvia comentários das amigas, mas nós sempre somos os últimos a saber, os alunos não admitem."

Segundo ele, a academia é totalmente contra o uso de anabolizantes e não o incentiva. "Mas se a gente disser que não sabe que há alunos que usam é hipocrisia. Todas as academias têm esse público", afirmou o professor.

Efeitos

De acordo com o educador físico Daniel Paulino, pesquisador do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercícios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por estar em fase de crescimento, com grande quantidade natural de hormônios no corpo, os adolescentes estão mais suscetíveis aos efeitos das drogas usadas para o aumento de músculos.

Além das características físicas – as mais visíveis são a voz grossa e os pelos nas meninas e o desenvolvimento de mamas nos meninos – o psicológico também é afetado. As alterações no comportamento podem variar de agressividade a transtorno bipolar. Segundo o pesquisador, as mudanças no comportamento podem ser notadas de maneira quase imediata após o início do consumo. Os efeitos no corpo variam de acordo com o tipo da droga, a quantidade e a idade da pessoa.

O coração também pode ser afetado. "Esse tipo de droga muda a fisiologia do coração, pode fazer com que ele fique com o ritmo alterado e levar a um infarto, uma parada cardiorrespiratória. A convulsão também pode ocorrer com o uso constante", afirmou Paulino.

Morte

O boletim de ocorrência feito na polícia informa que a vítima teve parada cardiorrespiratória após tomar anestesia. O tatuador nega. De acordo com o Hospital Municipal Antônio Giglio, em Osasco, a adolescente chegou ao local em estado grave, chegou a ser reanimada pelos médicos, mas acabou sendo levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foi constatada a morte cerebral.

O laudo da necropsia do Instituto Médico-Legal vai esclarecer o que levou a garota à parada cardíaca. o laudo sai em até 45 dias. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte.

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