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Sonia Alves Domingues, da Escola Municipal Paulo Freire, de Curitiba: “é preciso conectar a aprendizagem com a vida dos estudantes” | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Sonia Alves Domingues, da Escola Municipal Paulo Freire, de Curitiba: “é preciso conectar a aprendizagem com a vida dos estudantes”| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Guairão

Mais de dois mil educadores do estado participaram da ‘festa’

Mais de dois mil professores vindos de vários municípios do Paraná se reuniram no Teatro Guaíra na noite de ontem para o evento que comemorou os 15 anos do projeto Ler e Pensar. O clima foi de festa e torcida. A cada nome de uma professora, escola ou município premiado pelo trabalho desenvolvido ao longo de 2014, havia gritos de alegria e aplausos. "É a maior festa que já vi para nós, professores", contou a Clélia Soares da Costa, de Curitiba.

Recebidos pela diretora da Unidade Jornais do GRPCom, Ana Amélia Filizola, e pela gerente do Instituto GRPCom, Ana Gabriela Simões Borges, professores, patrocinadores e apoiadores subiram ao palco do Guairão para serem homenageados. As duas agradeceram o empenho dos professores, secretarias de educação e escolas, que trabalham no dia a dia para estimular seus alunos a amarem o aprendizado e que, nessa empreitada, elaboram formas criativas de levar o jornal para a sala de aula.

Após a entrega dos prêmios, os professores acompanharam a entrevista feita pelo jornalista José Carlos Fernandes com o escritor Laurentino Gomes, autor da trilogia sobre História do Brasil 1808, 1822 e 1898. Laurentino, paranaense de Maringá, contou que, quando criança, vivendo na zona rural de Paiçandu, onde a família era produtora rural, levava a marmita para o pai na roça. "Meu pai se sentava à sombra de um pé de café para comer e ao mesmo tempo me contava sobre os livros que lia, sobre personagens da História que ele descobria nas suas leituras. Acho que foi assim que nasceu minha vocação para escrever."

  • A cada nome de uma professora, escola ou município premiado, gritos de alegria e aplausos

Uma professora experiente mostra aos alunos que ler e interpretar dados é o ponto de partida para entender a matemática. Em um município longe dali, o desafio é apoiar estudantes com dificuldades de aprendizagem, encaminhados para um contraturno que é a única esperança de progredirem na escola. Em outra região do Paraná, a docente se empenha em ajudar as crianças a perceberem que estão sempre diante de escolhas importantes.

Essas três mulheres, que fazem parte de redes municipais de ensino, encontraram no jornalismo uma ferramenta poderosa para trazer o mundo real para dentro da sala de aula. Ontem, estas e outras experiências foram homenageadas durante o Seminário de Educação e Leitura promovido pelo projeto Ler e Pensar, do GRPCom (Grupo Paranaense de Comunicação).

Na categoria Prática Pe­dagógica, as três premiadas foram as professoras Elvira do Rocio Bezerra Geraldo, da Escola Municipal Professor Joa­quim Tramujas Filho, no Conjunto Porto Seguro, em Paranaguá, com o traba­lho "Matemática é Ler e Pensar"; Vanessa Cristiane de Souza, da Escola Municipal Marcos Nicolau Strapassoni, do Jardim Santa Rosa, em Campina Gran­de do Sul, que desenvol­veu "O Uso Lúdico do Jornal como Bússola para o Conhecimento"; e Débora Gabriel Essig de Mattos, da Escola Municipal Doutor Linneu Madureira Novaes, da Vila Rio Branco, no município de Castro, que inscreveu seu trabalho "Um Futuro Decente Depende de Escolas Conscientes". Juntou-se a elas a professora Sonia Alves Domingues, da Escola Municipal Paulo Freire, no Sítio Cercado, em Curitiba. Para as quatro, assim como as demais professoras que trabalharam com a Gazeta do Povo ao longo do ano, temas como Copa do Mundo, eleições e até o menino que teve o braço arrancado por um tigre em Cascavel, são ponto de partida para debates, operações matemáticas e composições de textos.

Conexão

No magistério há 20 anos, Sonia Alves Domingues participa do Ler e Pensar há 14. Ela foi premiada como hors-concours, uma categoria criada neste ano para reconhecer aqueles que participam do projeto há muito tempo, conta Fernanda Cotrim, do corpo técnico do Instituto GRPCom. "São profissionais, secretarias ou escolas que chegaram várias vezes à final", diz.

"Todo ano é um recomeço", conta a professora Sonia. "Desde o início do ano letivo entro na sala com o jornal embaixo do braço. Leio e comento alguma notícia e até o dia em que noto que a turma está familiarizada e quer trabalhar com o jornal", diz. A professora também envia reportagens para os pais comentarem. "É preciso conectar a aprendizagem com a vida dos estudantes, com a vida das famílias e da comunidade", explica.

Além da premiação às professoras, o Ler e Pensar tem outras duas categorias. Na categoria Compromisso, que reconhece o trabalho de secretarias municipais de educação, foram premiadas Lapa, Piên e Castro. Curitiba levou o prêmio de hors-concours pelo apoio dado aos professores e professoras que se interessam pelo projeto. A categoria Mobilização prestou homenagens às escolas. As quatro premiadas foram as escolas municipais Marcos Nicolau Strapassoni, do Jardim Santa Rosa, em Campina Grande do Sul, a Professor Gunther Urban, de Campo do Tenente; e a Rui Valdir Pereira Kern, do Conjunto Itapira III, em Quatro Barras. O premiado hors-concours foi a escola Bortolo Lovato, do bairro de Tranqueira, em Almirante Tamandará. Hoje, também no Guaíra, a programação prossegue com um evento que premia estudantes que participaram de concursos culturais do Ler e Pensar.

Histórico

Em 15 anos, Ler e Pensar já foi adotado por 500 escolas do Paraná

O Ler e Pensar foi criado há 15 anos dentro da Gazeta do Po­vo nos moldes de outros proje­tos que oferecem jornais para es­colas que queiram usá-los co­mo material didático, fo­mentan­do o debate da realida­de e a leitura. Trabalhos as­sim são estimulados pela Asso­ciação Brasileira de Jor­nais (ANJ) e pela Associação Mun­dial de Jornais (WAN), com sede em Paris. Esta última premia anualmente os trabalhos de mais amplitude e mais úteis ao ambiente escolar. O Ler e Pen­sar foi premiado em 2011, e agora, em 2014. Nesses 15 anos, foi ado­tado por 500 escolas de 58 municípios paranaenses. Ele ofe­rece treinamento e uma publicação periódica com sugestões de práticas pedagógicas que utilizam o jornal, além de compartilhar as experiências das professoras.

Os trabalhos inscritos no prêmio anual são pré-selecionados pela equipe técnica do Ins­titu­to GRPCom e depois passam pelo crivo de uma banca formada pelas professoras Jus­­sara Finatti (Uninter), Rosa Ma­ria Dalla Costa (UFPR) e Ester Cristina Pereira (Sindicato das Es­colas Particulares do Paraná e Es­cola Atuação), além da jor­nalista Marleth Silva, colunis­ta da Gazeta do Povo. O Ler e Pen­sar é patrocinado pelo Ban­co HSBC, Instituto HSBC Soli­dariedade, Fiep/Sesi, CCR Ro­donorte e Associação Comer­cial do Paraná; 28 empresas são padrinhos sociais de escolas participantes e seis escolas são investidoras. O Sinep e a ANJ são apoiadores.

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