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José Coelho, presidente da AEB: “programa audacioso, com resultados modestos” | Divulgação/ MCT
José Coelho, presidente da AEB: “programa audacioso, com resultados modestos”| Foto: Divulgação/ MCT

Dez anos após o acidente na base de Alcântara (MA), o Brasil ainda tenta absorver o impacto da tragédia que matou 21 profissionais, e levar adiante o seu programa espacial, apesar das limitações financeiras e tecnológicas. O plano original de se lançar um satélite por ano vem sofrendo atrasos e a própria Agência Espacial Brasileira (AEB) reconhece que os resultados ainda são "modestos".

Pelo cronograma da AEB, até dezembro deste ano deve ser lançado o satélite CBERS-3, que faz parte de um projeto desenvolvido em parceria com a China. O equipamento de observação da Terra deveria ter ido ao espaço no fim de 2012, mas problemas técnicos retardaram o lançamento.

A binacional brasileira e ucraniana Alcântara Cyclone Space (ACS) também teve dificuldades com o projeto de desenvolvimento de tecnologia espacial para lançamento do foguete Cyclone-4 a partir da base de Alcântara. Em agosto, o governo autorizou a transferência de R$ 33 milhões para aumentar o capital social da empresa. O satélite deve ser lançado em 2014.

"O nosso programa espacial é audacioso com resultados modestos", admite o presidente da AEB, José Raimundo Coelho. Segundo ele, o acidente na base de Alcântara afetou dois dos três principais segmentos do programa espacial: o desenvolvimento de lançadores de satélites e da própria infraestrutura de lançamento. "Depois do acidente, a infraestrutura e o programa de lançadores foram completamente modificados, principalmente em relação à segurança", diz.

Negócio

Hoje, a principal linha de trabalho na área espacial se desenvolve em torno de satélites que ficam em órbita geoestacionária no plano do Equador. No mundo inteiro, Alcântara é a base de lançamentos mais próxima do Equador, o que facilita a entrada de um satélite em órbita e reduz os custos de lançamento. A sua localização privilegiada é justamente a grande vantagem do programa espacial brasileiro e o principal argumento de quem espera que o país receba mais investimentos na área. "O Brasil está a dois graus Sul, enquanto a base de Kourou, na Guiana Francesa, que é a base mais próxima, está a cinco graus Norte", diz Coelho.

A localização faz com que o custo do lançamento a partir de Alcântara seja até 30% menor do que em outras regiões, fator que teria chamado a atenção do governo dos Estados Unidos. O interesse dos americanos em alugar a base brasileira é antigo e uma negociação chegou a avançar no início dos anos 2000 até ser paralisada pelo Congresso. Em julho deste ano, rumores a respeito de uma nova negociação voltaram a aparecer.

O presidente da AEB nega que as conversas com os EUA já envolvam o aluguel de Alcântara. Está em curso, no entanto, uma discussão bilateral sobre um acordo de salvaguardas tecnológicas que impede a transferência de tecnologias em satélites usados para fins comerciais lançados a partir de Alcântara. O acordo é necessário para que fiquem acertadas as regras de utilização do espaço. "Qualquer país que quiser lançar satélites da base de Alcântara precisa obedecer às regras brasileiras e pagar pela utilização da base", explica.

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