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Proibição à venda de bebida em postos é aprovada em 1.º turno

Segundo autor da proposta, restrição ao comércio de bebida alcoólica diminuirá acidentes de trânsito

Deputado quer transformar em crime venda de bebida alcoólica em posto de combustível | Pedro Serápio/Arquivo/Gazeta do Povo
Deputado quer transformar em crime venda de bebida alcoólica em posto de combustível (Foto: Pedro Serápio/Arquivo/Gazeta do Povo)

Em uma votação apertada na tarde de ontem, a Assembleia Legislativa do Paraná aprovou a constitucionalidade do projeto que pretende proibir a venda de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis. A medida, que ainda depende de aprovações em pelo menos mais duas votações antes de seguir para sanção do governador Beto Richa, é criticada pelo setor e até por especialistas em trânsito, que não veem relação entre a venda de bebidas e os acidentes.

A proposta do deputado estadual Edson Praczyk (PRB) recebeu 19 votos a favor e 16 contra – sem abstenções. Caso seja aprovado, o Projeto de Lei 838/2011 ampliará outra lei, que já proíbe o consumo de bebida alcoólica nas lojas de conveniência de postos de combustíveis.

Praczyk argumenta que pretende diminuir a quantidade de acidentes com a medida. Segundo o deputado estadual, "ocorrem em postos de combustíveis verdadeiras festas com direito a música alta e aglomeração de jovens que, após se embebedarem, arrancam seus carros em grandes avenidas, participando de rachas". A proposta estabelece sanções a quem desrespeitar a lei, que vão desde a advertência até a cassação da inscrição estadual do local.

Apesar do rigor da medida, especialistas em trânsito afirmam que a lei pode se tornar inócua. "É uma medida ineficaz e que representa a exacerbação de um projeto de lei [que proíbe qualquer nível de álcool no sangue] que já não é razoável", diz Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia de transportes pela USP. Opinião semelhante tem o engenheiro civil Antonio Clóvis Pinto Ferraz, coordenador do Núcleo de Estudos em Segurança no Trânsito (Nest) da USP. "Se a pessoa não compra a bebida no posto, ela acaba comprando em outro lugar. O que precisamos é conscientizar sobre os riscos de misturar o álcool com direção".

A legislação brasileira atual já aplica sanções, que vão de multa até prisão, a condutores que forem flagrados com concentração superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue. Proposta do novo Código Civil, porém, pretende adotar tolerância zero para quem for flagrado dirigindo sobre o efeito de bebidas alcoólicas.

Veto

Levando em consideração as legislações já existentes, o sindicato que defende o setor pretende atuar contra o projeto de lei. "Apoiamos a proibição do consumo em lojas de conveniência, mas não há nada que justifique o veto à venda. Sem critérios, com a proibição se colocaria o comerciante em desvantagem competitiva no mercado. Por isso, vamos tentar derrubar a medida como fizemos em outras regiões", afirma Alísio Vaz, presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes.

A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar) também criticou a proposta. Em nota, a entidade disse que a medida só favorece "o comércio ilegal e principalmente a concorrência desleal".

Hoje a medida passa por segunda votação e é grande a chance de os deputados apresentarem emendas ao texto fazendo com que a proposta retorne à Comissão de Constituição e Justiça.

Polícia diz que proibição nas BRs foi positiva

A proibição da venda de bebidas alcoólicas nas margens das rodovias federais já causou efeitos positivos no índice de acidentes de trânsito nessas vias, segundo a Polícia Rodoviária Federal do Paraná. A medida similar urbana é apoiada pela instituição.

"Apesar de existirem aqueles que tentam burlar as regras, com certeza o número de motoristas que bebiam e dirigiam diminuiu", afirma Ricardo Schneider, inspetor chefe da seção de policiamento e fiscalização da PRF, que ainda avaliou como positiva a motivação do Projeto de Lei 838/2011. "Toda restrição de venda de bebida é benéfica, porque diminui as possibilidades das pessoas incorrerem no crime. Nos postos são vendidas bebidas prontas para consumo, o que favorece a ocorrência na infração", argumenta o inspetor da PRF.

Segundo a lei seca, quem vende bebida alcoólica às margens de uma rodovia federal pode ser multado em R$ 1,5 mil e até ter o acesso à rodovia fechado. Alguns estabelecimentos, porém, já conseguiram liminar para manter a venda, enquanto outros comercializam irregularmente.

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