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Um projeto de intervenção física, com obras de urbanização e ações de regularização fundiária na Vila Parolin, em Curitiba, é o objetivo final do estudo que está sendo realizado pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab-CT) desde a segunda quinzena deste mês. A expectativa é de que ao fim deste ano já exista um esboço do projeto. Até lá, há muito trabalho para ser feito.

Composto por vários levantamentos, o estudo é o mais completo já feito na região, que abriga uma das mais antigas e complexas áreas de ocupação irregular da cidade. Desde o dia 10, iniciou-se um processo de mapeamento e numeração dos domicílios. No dia 19 teve início uma pesquisa socioeconômica, semelhante a um censo. Os dois trabalhos devem levar mais um mês para serem concluídos.

Em maio, inicia-se um estudo topográfico da região, que terá a duração de aproximadamente quatro meses. Somado aos levantamentos anteriores, o estudo possibilitará esboçar as primeiras plantas dos terrenos, com vistas à regularização. Depois disso, terão início as fases de levantamento de custos e de captação de recursos.

"Esta é a primeira vez que o município faz um trabalho com esta abrangência na Vila Parolin. Ele permitirá que tenhamos uma radiografia da área e dará subsídios para o projeto de urbanização e regularização, que é o objetivo final do município", explica o presidente da Cohab-CT, Mounir Chaowiche.

"Isto não é bom só para nós moradores, é bom para a cidade, afinal a favela fica praticamente no meio de Curitiba", afirma o presidente da Associação de Moradores da Vila Parolin, Edson Pereira Rodrigues.

Moradores

Surgida na década de 60, a Vila Parolin originou-se de uma antiga chácara da família Parolin que começou a ser loteada. Em pouco tempo o local passou a ser ocupado irregularmente. Hoje, quase 50 anos depois, os moradores da área começam a ver uma luz no fim do túnel: uma chance de terem seus terrenos regularizados.

"É um sonho que começa a se concretizar. Não queremos ser a parte podre da cidade, assim começamos a ganhar dignidade", diz Edson Rodrigues, cujo avô foi um dos primeiros moradores da região. "Espero também que isso não seja só um cadastro e que façam um projeto que saia do papel", completa.

Quando a dona de casa Maria das Graças Reis, 37 anos, mudou-se de Ivaiporã, no Norte do estado, para Curitiba, a região da Vila Parolin era só mato. Hoje, 40 anos depois, após ter criado os filhos e estar ajudando a criar os netos no local, Maria das Graças se sente motivada ante a possibilidade de regularização do terreno onde vive. "Tenho fé em Deus que tudo vai melhorar e vou regularizar a minha situação", diz.

A expectativa dos moradores da Vila Parolin, criada pela pesquisa, vem sendo sentida de perto pelos cerca de dez cadastradores da Cohab-CT responsáveis por visitar cada domicílio da área. "Estou adorando trabalhar com isso. Vou nas casas e converso com as pessoas, muitas delas abrem sua vida toda para mim", conta Josiane Souza Mendonça, 21 anos.

Mal completou dez dias de trabalho e Josiane já tem uma infinidade de histórias (nem sempre positivas) para contar sobre seu ofício. "Um dia eu estava fazendo o cadastramento e um homem me deixou esperando no portão. Enquanto isso, ele foi lá dentro da casa para bater na esposa", conta. "Depois disso, ele voltou e continuou a responder às perguntas como se nada tivesse acontecido." Josiane conta também que certo dia os cadastradores tiveram que sair correndo do meio de um tiroteio. "Está bem perigoso aqui", afirma Josiane.

Além da regularização das moradias, outra esperança dos moradores é de que as melhorias na região ajudem a diminuir os índices de violência. "Bandido é igual a rato. Se urbanizarem eles não terão mais lugar para se esconder, e acreditamos que a violência irá diminuir", aposta Rodrigues. "Hoje é muito perigoso. Se eu não fosse morador, não passava por aqui à noite."

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