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A farmacêutica Juliana Skaraba orienta o paciente Israel Soares da Silva, que tem diabetes, sobre a rotina correta da medicação. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
A farmacêutica Juliana Skaraba orienta o paciente Israel Soares da Silva, que tem diabetes, sobre a rotina correta da medicação.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O uso inadequado de medicamentos é responsável pelo internamento de 31% a 38% do total das pessoas encaminhadas a unidades de pronto-atendimento no Brasil. Os dados, publicados pela revista científica Acta Farmacéutica Bonaerense e pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e reproduzidos pelo governo federal, alertam para problemas que os remédios podem provocar no organismo.

Resultado parcial indica uso equivocado

Os primeiros dados disponibilizados pelo programa Qualifar em Curitiba indicam que a maioria dos 566 pacientes atendimento não sabia como gerenciar seus remédios

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Programa vai para a segunda fase

A realização de consultas farmacêuticas deve ser ampliada para os centros de especialidade médica e nas Unidades de Pronto-Atendimento

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A situação é mais complicada para aqueles pacientes que tomam cinco ou mais medicamentos ao mesmo tempo e para os doentes crônicos, com diabetes e hipertensão, por exemplo. Com foco nesse público, um projeto do Ministério da Saúde começou a ser desenvolvido em Curitiba no ano passado e realizou 2,7 mil consultas farmacêuticas na cidade. O objetivo é evitar os malefícios causados pela prescrição e uso errado dos remédios, com dosagem equivocada ou combinação de substâncias que causam efeitos nocivos.

Confira os números do programa

O projeto que integra o Qualifar faz com que os 57 farmacêuticos da rede pública curitibana deixem de cuidar apenas dos produtos e passem a realizar atendimentos clínicos dos pacientes, orientando como tomar os remédios. São analisadas as doses, os horários e a alimentação. “Tudo pode influir no resultado do remédio”, afirma a coordenadora da Atenção Farmacêutica da Secretaria de Saúde do município, Beatriz Patriota. Também é avaliado se aquele medicamento é necessário, uma vez que a substância que o organismo necessita pode estar em um outro que o paciente já faz uso.

Mais 3 cidades

A consulta clínica realizada por farmacêuticos já começa a ser implantada em outras três cidades do Brasil: Betim (MG), Recife (PE) e Lagoa Santa (MG). Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, responsável pela implantação do Qualifar, é fundamental se preocupar com a qualidade do uso do medicamento. “Não adianta só ofertar medicamentos. É preciso acompanhar como é feito o tratamento para ter o melhor resultado”, afirma.

Segundo dados parciais do projeto desenvolvido em Curitiba, 99% dos 566 pacientes que participaram do projeto em 2014 tiveram algum problema relacionado com o uso dos medicamentos. Foram identificados 289 medicamentos diferentes utilizados pelos usuários pesquisados. No total, estavam em uso 3.977 medicamentos, resultando numa média de sete medicamentos por pessoa.

Beatriz ressalta que apenas ter acesso ao medicamento não é suficiente para evitar outros problemas de saúde. “O acompanhamento farmacoterapêutico é fundamental para podermos administrar melhor as doses e perceber se há medicamentos que interagem entre si e podem provocar reações adversas. Até a questão do horário em que ingere um remédio e depois outro pode interferir nas reações do organismo perante a medicação”, explica a farmacêutica.

Segundo ela, cerca de 70% dos casos que param nas unidades de pronto-atendimento poderiam ser evitados. “Até então, os farmacêuticos não faziam consulta propriamente dita. Os remédios eram prescritos e depois não era realizado nenhum cuidado para saber como as pessoas estavam usando nem os resultados dos medicamentos”, afirma.

Diabético aprendeu a lidar com a insulina

Israel Soares da Silva, 33 anos, descobriu que é portador de diabetes há sete meses. Ele passou mal, foi a uma unidade de pronto-atendimento e recebeu o diagnóstico. De forma imediata, começou o tratamento tomando quatro tipos de medicação. No entanto, isso não surtiu efeito. Somente no começo de julho, após iniciar atendimento clínico pela farmacêutica Juliana Skaraba na Unidade de Saúde União das Vilas, no bairro São Braz, é que começaram as mudanças na relação com os medicamentos. Antes disso, ele chegou a ser internado em hospitais outras duas vezes – mesmo já medicado.

“Depois que comecei o atendimento com a farmacêutica não tive problema algum”, relata. “Ele não tinha hora para dormir nem para comer. Usava o medicamento sem horários fixos”, conta a farmacêutica. Juliana orientou Israel sobre a necessidade de se manter uma rotina para fazer uso dos medicamentos. “Assim, os resultados aparecem. Quando ele chegou aqui não sabia como injetar insulina nem como armazenar os medicamentos da melhor maneira possível. Ele só tinha a prescrição dos remédios, mais nada”, relata.

Israel conta que, com as orientações da farmacêutica, o quadro clínico melhorou e conseguiu até tirar um dos quatro medicamentos que tomava. “Essa rotiniza foi fundamental. Antes, o horário dos remédios estava totalmente bagunçado. Eu comia e não tomava insulina ou tomava insulina e não comia. Esse atendimento personalizado deixou meu tratamento muito mais tranquilo e eficiente”, conta Israel.

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