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Aterro continuará a ser monitorado por mais 30 anos, devido à grande quantidade de resíduos depositados no local | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Aterro continuará a ser monitorado por mais 30 anos, devido à grande quantidade de resíduos depositados no local| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Inovação

Aterros pequenos podem replicar sistema gastando menos

Os gestores públicos precisam controlar a quantidade de poluentes emitidos pelos aterros, e o sistema de wetlands, utilizado em Curitiba na Caximba, é uma opção mais econômica para o tratamento complementar, explica Leila Teresinha Maranho, da Universidade Positivo. "Há aterros que apenas com o tratamento convencional conseguem se enquadrar na lei. Para aqueles que necessitam de complementação, há várias tecnologias disponíveis, mas muito caras. A opção com plantas que ocorrem naturalmente é mais viável para regiões mais pobres", explica.

A emissão de poluentes nas áreas que recebiam resíduos é fiscalizada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Em setembro deste ano, o órgão renovou a autorização ambiental para recuperação e encerramento do Aterro da Caximba, que é válida por um ano.

Prazo

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu que até 2014 todos os municípios substituam lixões por aterros sanitários, mas dificilmente a lei será cumprida. No Paraná, das 399 cidades, 214 ainda estão em situação irregular, segundo a Secretaria do Meio Ambiente.

Onde os urubus reinavam, agora há garças. Três anos após ser desativado, o Aterro Sanitário da Caximba dá sinais de recuperação ambiental, graças ao manejo e monitoramento constante da área. O tratamento tradicional do chorume – no qual o líquido da decomposição é captado por drenos e levado a um tanque para uniformização – é complementado por uma técnica que utiliza as plantas existentes no local. Esse sistema auxiliar, implantado em 2009, aumentou a eficiência do tratamento em até 80%.

O sistema de plantas foi a alternativa escolhida pela prefeitura de Curitiba para reduzir os altos níveis de toxicidade do aterro, que em 2009 superavam em 60 vezes os parâmetros permitidos pela legislação, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Durante os 21 anos de operação, o local recebeu cerca de 12 milhões de toneladas de resíduos de Curitiba e municípios da região metropolitana. Com toda essa carga, a previsão é que o chorume continue a ser liberado por mais 30 anos, período em que o aterro terá de ser permanentemente monitorado.

O projeto foi desenvolvido pela bióloga Leila Teresinha Maranho, coordenadora do curso de mestrado em Biotecnologia Industrial da Universidade Positivo, com o apoio de outros pesquisadores e alunos. "Apenas dois outros aterros implantaram esse sistema, que são os de Gramacho e Piraí, mas são projetos pilotos. Na escala que temos aqui, desconheço que exista em outros locais", diz. O tratamento complementar consiste de três cavas, chamadas de banhados naturais (wetlands), por onde passa o chorume que sai do tanque de equalização. A concentração de poluentes vai diminuindo à medida que o sistema faz a absorção, até chegar a um nível satisfatório para ser descartado no Rio Iguaçu.

Leila havia desenvolvido um projeto semelhante em Guaratuba, mas com um aterro bem menor. O desafio do Caximba, por outro lado, diz respeito às condições climáticas de Curitiba. "Cai a eficiência do sistema no inverno. Quando chega a primavera, são registrados picos de eficiência, mas nosso desafio agora é fazer o manejo adequado para minimizar essas variações", explica. Outro estudo que está sendo desenvolvido é a geração de biomassa com as plantas das wet­lands. "Vamos medir o poder calorífico e a quantidade de biomassa por hectare. Já há empresas demonstrando interesse em usar esse material", diz.

Animais

O chefe de divisão do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Luiz Celso Coelho da Silva, conta que tem aumentado a presença de animais no local. "Mandamos os urubus embora faz tempo. Agora temos garças, muitos pássaros, bugios e capivaras. Também já foi observado um veado. Com essa aproximação, haverá cruzamentos e logo a quantidade de animais será bem maior."

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