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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

Opção pela informalidade

O beneficiado número um da história do programa Primeiro Emprego no Paraná está trabalhando sem carteira assinada. Adriano Elias Pereira, de 24 anos, foi contratado em janeiro de 2004 pela Lonatop, de Curitiba. Trabalhou lá por dois anos e meio. "Foi um serviço fantástico", diz ele. Depois de algum tempo procurando, foi pelo programa oficial que ele conseguiu trabalho com toda a documentação e os direitos que isso garante.

O emprego deu certo. Depois dos 12 meses de subsídio do governo, a empresa decidiu manter Pereira contratado. E ele recebeu seu salário normalmente até metade de 2006. Porém, na metade do ano passado, Pereira decidiu que queria tentar algo diferente. E saiu do trabalho para tentar ganhar a vida por conta própria.

"Sempre gostei de arte, quis desenvolver algo nessa área", conta ele. Pereira hoje trabalha com letreiros e cartazes, que faz em casa. Não tem mais carteira assinada e não tem nenhum direito garantido. Mas acha que está bem assim. "A experiência foi ótima, mas sempre quis trabalhar por conta própria", diz ele.

Feliz com a escolha que fez, Pereira só acha que deveria haver melhores condições para quem trabalha como autônomo. (RWG)

O número de pessoas que procuram emprego em Curitiba e região é de aproximadamente 95 mil, segundo o Ipardes. Perto da metade deste número é composta por jovens de até 24 anos. Ou seja: contando só os meninos e meninas desempregados, dá para encher o Couto Pereira, maior estádio de futebol da capital. Foi para esse público que o governo federal criou, quatro anos atrás, o programa Primeiro Emprego. Hoje, porém, o número de beneficiados pela iniciativa ainda não chega a encher uma van. São 13 pessoas em toda a região metropolitana.

Apenas três empresas de Curitiba mantêm atualmente empregados do programa: uma firma de limpeza, uma farmácia homeopática e uma produtora de fotolitos. Os empresários que ainda apostam no convênio elogiam os funcionários, que muitas vezes acabam sendo efetivados. Mas criticam o excesso de burocracia do governo, falam que o pagamento do subsídio federal nem sempre é feito de maneira correta e reclamam da falta de formação técnica para os jovens.

O programa funciona com um incentivo de R$ 250,00 a cada dois meses para cada jovem de 16 a 24 anos que as empresas contratarem. Os jovens precisam se cadastrar em agências do trabalhador em uma fila específica de emprego. Em todo o Paraná, há 29 mil inscritos no programa, de acordo com dados do governo do estado. E apenas em nove municípios do estado – incluindo a capital – alguns deles conseguiram vagas para entrar no mercado de trabalho.

Responsabilidade

A maior contratadora de mão-de-obra pelo Primeiro Emprego em Curitiba é a Tecnolimp, uma empresa especializada em terceirização de mão-de-obra para serviços de limpeza, zeladoria, copa e outras tarefas. Atualmente, são dez empregados que vieram da fila do programa. "Contrataríamos mais, mas não tem candidatos suficientes e nem há gente qualificada para trabalhos mais especializados", afirma Manoel Ribeiro Júnior, diretor administrativo da empresa.

Ribeiro conta que o programa tem um lado muito positivo. "Decidimos entrar porque acreditamos que é nosso papel ter responsabilidade social, dar chance a esses jovens", diz. "E realmente tem bons casos. Já temos várias pessoas que passaram pelo Primeiro Emprego e que hoje estão como funcionários efetivos", comenta. No entanto, isso não esconde os problemas do programa. O diretor conta que só pode colocar à disposição dos mais jovens vagas que exijam pouca especialização. "Quando eu tenho uma vaga de carpinteiro ou pedreiro coloco na fila regular de trabalhadores. Não há órgãos do serviço público que capacitem jovens para estas funções", afirma.

Ribeiro não está sozinho em suas críticas. Índio Correa, sócio da rede de farmácias Ao Homeopata, conta que já fez vários contratos pelo Primeiro Emprego. Atualmente, tem duas funcionárias do programa em suas lojas. "Mas há problemas de burocracia e de mau gerenciamento", diz ele. Um caso vivido pelo empresário mostra o tipo de problema enfrentado pelos parceiros do governo no programa.

"Colocamos uma vaga à disposição. A candidata veio e foi contratada", conta. "Quando chegou a hora de o governo pagar o subsídio, nada. Ligamos para cobrar e fomos informados de que não tínhamos direito", lembra Corrêa. É que a funcionária havia sido enviada para entrevista à beira de completar 24 anos, idade limite para o programa. Assim que foi contratada, estourou o limite e o governo excluiu a moça da lista de beneficiários. "Não ia demitir a menina, que estava indo bem, mas tive que arcar com o custo todo", afirma.

Chance

Apesar das limitações, para os poucos beneficiados o programa continua sendo uma boa chance de começar em um trabalho já com a carteira assinada e com os direitos garantidos. "Antes eu fazia bicos. Mas ter carteira assinada é bem melhor", diz Adalto von Wieding Lopes, de 21 anos. Ele foi contratado pela Swimmer, uma empresa que vende piscinas. "Ele começou como boy e agora já foi promovido para o almoxarifado", conta Gislene Castelhano, diretora da empresa. Embora concorde que o programa tem problemas – até agora ela diz não ter recebido uma das parcelas do subsídio do governo –, Gislene acha que o programa é bom. "Para nós, funcionou."

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