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O depoimento de seis testemunhas do crime do Morro do Boi, que não puderam ser ouvidas na audiência de instrução e julgamento de Juarez Ferreira Pinto, acusado de matar um rapaz e deixar uma jovem paraplégica, começou por volta das 14h30 desta quinta-feira (16) em Curitiba. A sessão de instrução, que se deu há um mês, foi suspensa após oito horas de depoimentos.

O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Vani Bueno está ouvindo o depoimento de seis testemunhas. Inicialmente foram chamadas nove pessoas, mas duas foram liberadas por já terem sido ouvidas em Matinhos e uma faltou. O caso corre em segredo de Justiça desde que surgiu outro suspeito. Os depoimentos são feitos na Vara de Cartas Precatórias Criminais de Curitiba, o que pode indicar que, entre as audiências, defesa e acusação requisitaram outras testemunhas. Companheiros de trabalho de Juarez, um bombeiro e um jornalista estão entre os convocados.

O trâmite poderá seguir sem ouvir todas as testemunhas arroladas pela defesa e acusação. A Justiça deverá decidir se a pessoa faltante é essencial para o julgamento do caso ou se novas tentativas de contato devem ser realizadas.

Caso envolve três graus da Justiça

O caso Morro do Boi parece estar longe de ser concluído. O julgamento de primeiro grau, que se dá na Vara Criminal de Matinhos, comarca onde se deu o crime, ainda não acabou. Foi pedido o relaxamento do regime de prisão para Juarez responder ao caso em liberdade. Porém, o juiz Rafael Luiz Brasileiro Kanayama, da vara criminal de Matinhos, afirmou que o reconhecimento de Juarez pela vítima Monik Pegorari de Lima era prova suficiente para manter a prisão e decidiu manter Juarez preso.

A defesa de Juarez recorreu dessa negativa para o segundo grau, em Curitiba, e pediu um habeas-corpus em caráter liminar. O pedido foi negado pela desembargadora Sônia Regina Castro, relatora do caso. Mas essa decisão pode ser revertida pelo colegiado formado por três magistrados que devem decidir se Juarez deve ou não ser solto ainda neste mês.

Com a negativa do pedido em regime de urgência, o advogado Nilton Ribeiro foi até a terceira instância, em Brasília, pedir a imediata soltura de Juarez. Segundo ele, apesar de não ser um procedimento padrão o Superior Tribunal de Justiça tomar decisões quando o caso ainda não foi totalmente apreciado pelo segundo grau, existem casos onde isso aconteceu. Ribeiro disse que se fosse necessário acionaria o Supremo Tribunal Federal, que em tese julga casos que afetam a Constituição, mas na prática serve como uma espécie de quarta instância.

Enquanto há esse imbróglio com vários trâmites na defesa de Juarez, o caso ainda está em estágio inicial na apuração da suposta culpa de Paulo Unfried, preso dia 25 de junho, acusado de assaltos e estupros no Litoral. Na casa de Paulo foi encontrada a arma usada para balear o casal de namorados Osíris Del Corso e Monik em janeiro deste ano e ele teria confessado ser o autor do crime. De acordo com o delegado Luiz Alberto Cartaxo, que comandou as investigações, ainda não é possível afirmar que ele é o autor do crime. A polícia ainda não entregou o inquérito que indiciou Paulo ao Ministério Público.

Desde a prisão de Paulo, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público, acompanha o caso. O promotor Leonir Batisti, coordenador do Gaeco no Paraná, disse que não comentaria o caso por ele estar sob segredo de Justiça.

Acareação

Está marcada para o próximo dia 23 de julho uma acareação entre Monik, Juarez e Paulo em Matinhos. Juarez está preso na Casa de Custódia de Araucária. Paulo está detido no Centro de Triagem II em Piraquara. Monik vai periodicamente a Brasília fazer tratamento fisioterápico.

Segundo a opinião de especialistas consultados pela Gazeta do Povo, se não surgirem provas consistentes contra os dois acusados, ambos podem ser soltos.

Reviravoltas do caso

Osíres e Monik foram atacados na tarde do dia 31 de janeiro, em uma trilha no Morro do Boi. A moça contou aos bombeiros que, chegando a uma gruta, por volta das 17h30, o agressor tentou abusar sexualmente dela.

Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local. O agressor teria voltado até a cena do crime e abusado sexualmente dela, segundo depoimento da própria. A jovem foi resgatada 18 horas depois. Em consequência do tiro, Monik perdeu o movimento das pernas. Em 17 de fevereiro, Juarez foi preso em um balneário de Pontal do Paraná, com autorização da Justiça. Ainda no hospital, a estudante reconheceu Juarez como autor do crime. Nem a posse da arma, nem a confissão de Unfried fizeram Monik mudar a convicção de que Juarez é o culpado pelo crime. "Ele (Juarez) deixou eu ficar vendo tudo o tempo todo porque achou que eu iria morrer. Por isso é que eu tenho tanta convicção", disse, em Brasília, onde faz tratamento.

Desde a reviravolta, as promotoras Carolina Dias Aidar e Fernanda Maria Motta Ribas se negam a comentar o caso. Elas pediram uma série de requisições para esclarecer o caso, como a reconstituição do crime.

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