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O protesto começou de manhã, quando proprietários interromperam o tráfego da PR-412 | Carlos Ohara/GP
O protesto começou de manhã, quando proprietários interromperam o tráfego da PR-412| Foto: Carlos Ohara/GP

Entenda a disputa judicial

• Em janeiro de 1975, o empresário curitibano Rafael Guarinello adquire o lote J-2 da colônia J-2, do agricultor Benedito Marciano, morador em Primeiro de Maio, no Norte do estado. O terreno, de 56 hectares, era parte da colônia Jacarandá, transferida a Marciano pelo governo do estado em 1961, através de Título de Domínio Pleno.

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Proprietários de imóveis e moradores do balneário Grajaú, em Pontal do Paraná, no litoral do estado, bloquearam ontem a rodovia Engenheiro Darci Gomes de Morais (PR-412), na altura no quilômetro 70, para protestar contra a ordem de restituição de posse expedida pela juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, da Vara Cível e Anexos do fórum de Matinhos. Na segunda-feira, a juíza determinou que a posse de uma área de 600 mil metros quadrados, com cerca de 190 construções, passe para os herdeiros do espólio do empresário Rafael Guarinello.

O protesto foi organizado às pressas, na manhã de ontem, por moradores do balneário e proprietários de imóveis que se deslocaram de Curitiba e do interior do estado. Eles queimaram pneus e colocaram pedras no meio da via, que liga Praia de Leste a Pontal do Sul. "Viemos defender nosso patrimônio e impedir que nos tirem o que é nosso de papel passado, comprado com fé nas autoridades deste país", afirmou o microempresário Renato Louveira Machado, 52 anos. Ele mora em Apucarana e tem uma casa no balneário.

O bloqueio começou às 8h30 e só foi interrompido às 14h30. Policiais rodoviários orientaram os motoristas a utilizarem um desvio de 1,5 km pelo interior do balneário. Não houve congestionamentos e a manifestação irritou apenas os passageiros de um ônibus que foram obrigados a descer do veículo e cruzar o trecho interditado em meio à fumaça. O motorista temia que o ônibus ficasse atolado nas ruas de areia do balneário.

A orientação dos organizadores do movimento é para os manifestantes ficarem em alerta nos próximos dias, para evitar a entrada de oficiais de justiça no balneário. "Continuamos com nossa posição de resistir de todas as formas à ordem de restituição", afirmou o líder do movimento, Heraldo José Fornaroli, 54 anos, presidente de uma recém-fundada associação de moradores da área. Segundo ele, a situação pode ser resolvida com facilidade. "Basta o senhor Sérgio Thá, representante dos herdeiros de Rafael Guarinello, se dispor a nos pagar os imóveis construídos sobre a área, com base no valor de mercado", disse.

Se depender da resposta de Thá, no entanto, a solução não será tão fácil. "Eles estão em cima do nosso terreno irregularmente há 30 anos e eu ainda tenho que pagar? Definitivamente este não é um país sério", rebateu Sérgio Thá, que pretende acompanhar os oficiais de justiça durante a restituição de posse. O herdeiro estima que a área vale R$ 15 milhões. Ainda não há informações de como a operação de reintegração de posse será realizada, já que a juíza determinou que as casas vazias sejam arrombadas e os móveis recolhidos para depósito judicial. Até o final da tarde ontem, o comandante do 9.º Batalhão da Polícia Militar, Mário José Thais Martins, não havia recebido o ofício que determina a restituição de posse.

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