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Trabalhadoras rurais ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram e ocuparam nesta segunda-feira (9) pela manhã, durante pouco mais de uma hora, o porto de exportações da Aracruz Celulose, localizado em Barra do Riacho, município de Aracruz, no Espírito Santo, para protestar contra o repasse de recursos públicos para a empresa. A Aracruz informou que cerca de 450 militantes danificaram quase duas mil toneladas de celulose, causando um prejuízo total próximo dos US$ 3 milhões. Os ativistas jogaram cupins e picharam o material. Segundo o MST, 1.300 mulheres participaram da ação, que fez parte da "jornada contra o agronegócio" do Dia Internacional da Mulher. A entidade confirmou o dano ao patrimônio da empresa e disse que o ato "é um a forma de luta".

O MST acusou o governo federal de salvar a Aracruz da falência com um repasse via BNDES - com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) - de R$ 2,4 bilhões para o grupo Votorantim comprar ações da Aracruz. "Mesmo com os recursos de amparo ao trabalhador, a empresa não garante emprego, e já demitiu mais de 1.500 trabalhadores terceirizados. O caso é uma demonstração que os interesses das empresas privadas se sobrepõem aos interesses do povo brasileiro", informa a nota do MST.

Durante o protesto, cinquenta caminhões ficaram parados. Também através de nota, o diretor superintendente do Portocel, Gilberto Marques, lamentou o ocorrido e pediu que a agressão não permaneça impune. "Nosso porto foi usado como instrumento para protesto contra o agronegócio e o sistema econômico. É uma agressão que não tem justificativa, que busca atingir as exportações do País, justamente num setor em que o Brasil é altamente competitivo".

O Terminal Especializado de Barra do Riacho (Portocel) é o único porto do Brasil especializado no embarque de celulose, com capacidade de 7,5 milhões de toneladas do insumo e pertence às empresas de exportação Aracruz e Cenibra. No momento da invasão, o local operava a plena capacidade, com três navios atracados, uma composição ferroviária e uma barcaça de madeira.

Além das produções de Aracruz e Cenibra, o local também é utilizado na exportação de celulose da Suzano Papel e Celulose e da Veracel (BA), uma joint venture entre a Aracruz e a sueco-finlandesa Stora Enso.

Prejuízos

A maior parte das perdas, algo como US$ 1,75 milhão, refere-se às cinco horas de interrupção das operações da unidade logística. Nesse período, destaca o diretor superintendente do Portocel, o terminal deixou de embarcar aproximadamente 3,5 mil toneladas de celulose.

Já o prejuízo com os danos causados às 2 mil toneladas de celulose que estavam em um dos armazéns do terminal estão estimados em aproximadamente US$ 1,2 milhão, afirma Marques, que utiliza como referência o preço de cerca de US$ 500 por tonelada "Esses números ainda são preliminares porque aguardamos a realização da perícia no local para depois analisarmos o armazém", diz Marques.

A maior parte da celulose danificada pelos manifestantes era de propriedade da Aracruz e da Cenibra, diz o executivo. Marques afirmou à Agência Estado que a direção do Portocel fará uma reavaliação dos processos de segurança no local.

O Portocel possui atualmente cerca de 170 mil toneladas de celulose estocadas, das quais aproximadamente 10 mil toneladas se encontravam no mesmo armazém onde as manifestantes espalharam água, tinta, materiais combustíveis e cupins. "A Portocel ficou bastante surpresa com a invasão, porque esse não é um foco do movimento, e também com o nível de violência da ação", ressalta Marques. Os militantes, segundo a empresa, estavam munidos com foices e facões, mas não chegaram a agredir fisicamente os funcionários do terminal.

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