No dia em que o transporte por bondes no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, completa 115 anos, um protesto reúne moradores, ferroviários, vítimas e parentes do acidente ocorrido no sábado. A manifestação da manhã desta quinta-feira lembra a tragédia que deixou cinco mortos e ainda acusa o governo estadual de descaso com a manutenção dos bondinhos, cuja circulação está suspensa por tempo indeterminado.
"Queremos a exoneração imediata do secretário de Transportes, Júlio Lopes", disse a presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), Elzbieta Mitkiewicz. Parentes do motorneiro Nelson Correia da Silva, que morreu no acidente, também participaram do protesto. A esposa dele, Dulce, de 52 anos, que chorava muito, passou e foi amparada pelo filho, Nelson Araújo, de 31 anos.
"Estou aqui para defender a honra do meu pai. Estão usando ele (sic) como bode expiatório para o que aconteceu. Ainda não há sequer um laudo, como ele (Júlio Lopes) pode culpar o meu pai? Agora ele está morto, não pode se defender. Ele amava o trabalho. Era a vida dele", disse Nelson.
A Amast fez o batismo simbólico da Estação Carioca dos bondinhos no Centro do Rio, como "Estação Motorneiro Nelson Correia da Silva". Uma grande faixa com a foto do maquinista foi exposta com a pergunta: "Você vai deixar que coloquem a culpa nele?"
As dezenas de pessoas, com faixas e balões negros, seguiram pelas ruas do centro aos gritos de "Fora, Júlio Lopes", "Fora, Cabral" e "Não à privatização". Ontem, o interventor dos bondes nomeado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), Rogério Onofre, afirmou que o transporte pode ser privatizado ou municipalizado.
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