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Aproveitando-se das manifestações, criminosos saquearam lojas na região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro | Pedro Kirilos/Agência O Globo
Aproveitando-se das manifestações, criminosos saquearam lojas na região da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro| Foto: Pedro Kirilos/Agência O Globo

De saída

Após segunda morte, MPL suspende novas manifestações

Folhapress

O Movimento Passe Livre, que deu origem às manifestações, anunciou ontem a suspensão de novos protestos em São Paulo. Segundo um dos integrantes do grupo, que pleiteia tarifa zero nos transportes públicos, "grupos conservadores se infiltraram nas manifestações" e defendem propostas como a redução da maioridade penal. Rafael Siqueira, 38 anos, ativista do MPL, afirmou que as agressões a militantes de partidos políticos na manifestação de quinta-feira, na Avenida Paulista e em outras cidades, também motivaram o grupo a tomar essa decisão. "A gente acha que grupos conservadores se infiltraram nos últimos atos para defender propostas que não nos representam", disse Siqueira.

Morte

A gari Cleonice Vieira de Moraes, 54 anos, morreu na manhã de ontem em Belém (PA), após ter inalado gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar durante confronto com manifestantes no dia anterior. A vítima trabalhava na limpeza noturna do centro de Belém. Na quinta-feira, durante a radicalização dos protestos em frente à prefeitura da cidade, Cleonice e outros trabalhadores se protegeram dentro do monumento de um bonde restaurado para visitação turística na cidade. Após a explosão das bombas, a gari passou mal, teve uma parada cardíaca e foi socorrida. A vítima tomava remédios controlados para hipertensão.

Novas manifestações fecham diversas ruas de São Paulo e rodovias que dão acesso à capital paulista na noite de ontem. Dentre as vias bloqueadas estavam a Radial Leste, a rua da Consolação e a Marginal Tietê. Já no Rio de Janeiro, houve saques ao comércio com pelo menos cinco lojas arrombadas e depredadas.

Na capital paulista, vários grupos promoveram protestos em diferentes pontos da cidade. Na Rua da Consolação, cerca de mil manifestantes se reuniram em protesto contra a aprovação do projeto conhecido como "cura gay". A marginal Tietê foi interditada na altura da ponte Jânio Quadros, nas pistas central e local. Já na Radial Leste, cerca de 5 mil pessoas bloquearam totalmente a via, segundo estimativa da Polícia Militar.

Entre as rodovias que tinham interdições estavam a Dutra, Régis Bittencourt, Castello Branco, Raposo Ta­vares, Anhanguera, Fernão Dias e Rio-Santos. Até as 19h10, todas essas manifestações seguiam de forma pacífica, segundo a Polícia Militar paulista.

Rio de Janeiro

Moradores de favelas de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, invadiram e saquearam lojas na avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, ao mesmo tempo em que uma manifestação ocorria na outra ponta da avenida.

Por volta das 17 h, pessoas começaram a sair das favelas que ficam às margens do trecho final da linha amarela, seguindo em direção à Barra da Tijuca, onde shoppings e empresas encerraram o expediente mais cedo.

No caminho, incendiaram caçambas de lixo, arrombaram uma concessionária e depredaram vários veículos. Invadiram uma loja e roubaram televisões e computadores.

O grupo corria desordenadamente pelas pistas da avenida, ameaçando atingir veículos com pedras. Motoristas, apavorados, voltavam na contramão.

Uma barreira de policiais foi montada na Avenida Ayrton Senna para impedir que os saqueadores se aproximassem da área onde ficam os grandes shoppings e condomínios da Barra.

Quando os saqueadores se aproximaram da barreira policial, sentaram nas pistas, simulando uma manifestação.

RepercussãoJornais e canais de televisão internacionais destacaram o crescimento dos protestos no Brasil

New York Times: Com destaque na primeira página, o jornal americano afirma que há semelhanças entre os protestos brasileiros e outras manifestações contra os governos e a corrupção no mundo, como o Occupy Wall Street e outros atos na Índia, em Israel e na Grécia.

El País: O diário espanhol afirma que os gigantescos protestos na última quinta-feira evidenciam uma "fratura" na sociedade brasileira e mostra a tentativa de dirigentes do Partido dos Trabalhadores de tentar levar a militância para as manifestações, o que não foi bem recebido nem pelos manifestantes nem por membros do próprio PT.

Financial Times: O blog especializado em mercados emergentes beyondbrics, fez um paralelo entre as manifestações e as companhias de Eike Batista. "Enquanto os manifestantes têm a sensação de que o governo vendeu para eles a imagem de um novo Brasil próspero, que tem pouca relação com a realidade, os investidores em ações de Batista estão bravos após terem colocados bilhões de dólares em planos de negócios que, em muito casos, ainda não se materializaram", diz a publicação.

CNN: A rede de televisão cravou que a desilusão do povo com promessas não cumpridas pela classe política e a corrupção em todos os níveis de governo são o combustível para os protestos.

NBA: Em visita ao Brasil, o astro do time de basquete Los Angeles Lakers, Kobe Bryant, se disse favorável à onda de insatisfação da população. "Eu não estava com medo ou apreensivo É muito importante as pessoas terem voz. É importante você ser ouvido. Tenho certeza de que todos querem que seja em paz, sem violência. Você quer que sua opinião importe", disse o atleta.

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