Tráfego no cruzamento das rodovias PR-445 e BR-369, entre Londrina e Cambé, foi interrompido ontem por cerca de duas horas| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Reação do governo

Reivindicações não podem ser atendidas, diz ministro

Folhapress

O ministro dos Transportes, César Borges, afirmou ontem que as reivindicações de caminhoneiros que desde ontem paralisaram estradas de dez estados são "impossíveis de serem atendidas".

Ele afirmou, após reunião no Palácio do Planalto, que os bloqueios, frutos de um "movimento pequeno", são motivados por "interesses de ocasião". Não descartou também que poderá pedir para usar força policial para liberar estradas.

Os manifestantes reivindicam soluções para questões nacionais da categoria, entre elas, o subsídio no preço do óleo diesel, isenção do pagamento de pedágios para caminhões e criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas.

Borges diz que o óleo diesel já é subsidiado e não se pode contrariar contratos existentes de pedágio. "Estamos vendo agora um movimento pequeno se aproveitar do que está passando o país para interditar as rodovias federais impedindo inclusive o sagrado de ir e vir da população brasileira e principalmente dos caminhoneiros", disse o ministro. Ele disse que a Polícia Rodoviária Federal poderá atuar para remover os veículos que bloqueiam estradas.

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No segundo dia de protesto de caminhoneiros ao menos 25 rodovias foram bloqueadas em dez estados: São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.

Em São Paulo, a tropa de choque foi chamada para liberar, após mais de 26 horas de interrupção, a rodovia Cônego Domênico Rangoni, que dá acesso ao porto de Santos. Na maior parte dos bloqueios, apenas caminhões são impedidos de trafegar. Mas em alguns as pistas ficaram totalmente interditadas para qualquer tipo de veículo.

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No Paraná, a BR-277 (rodovia que faz a ligação do Oeste com o Porto de Paranaguá) ficou parada por 24 horas, até as 17 horas de ontem. No estado, outras interdições foram registradas ao longo do dia na PR-280, próximo ao município de Clevelândia; na PR-364, na região de Guarapuava; e no cruzamento das rodovias PR-445 e BR-369, entre Londrina e Cambé. Até às 21h30 de ontem, um trecho da PR-182, entre Cascavel e Realeza, continuava bloqueado.

Em estados como Mato Grosso e Bahia, os bloqueios seguiam hoje e já duravam mais de um dia. Em São Paulo, a Castello Branco, bloqueada de manhã, só foi liberada após as 20 h, também pela tropa de choque. Houve confronto, com bombas de efeito moral lançadas pela polícia contra os manifestantes, que revidaram com pedras e paus.

Entre as reivindicações dos caminhoneiros em protestos pelo país estão o subsídio no preço do óleo diesel, isenção do pagamento de pedágios para caminhões e criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas. O líder da paralisação dos caminhoneiros, Nélio Botelho, que comanda o Mubc (Movimento União Brasil Caminhoneiro), afirmou que os protestos serão mantidos até as 6 h de quinta-feira.

Ontem à tarde, o governo de São Paulo e o governo federal obtiveram na Justiça, separadamente, liminares que impedem o bloqueio de rodovias. Em ambas as decisões, o sindicalista Nélio Botelho fica sujeito a multa em caso de descumprimento.

Nas rodovias de São Paulo, a multa é de R$ 20 mil por hora. Nas federais, R$ 10 mil.

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Atropelamento

Quatro manifestantes foram atropelados por um caminhão guincho ao tentar bloquear a rodovia Anhanguera, na região de Jundiaí (SP) por volta das 20h30 de segunda­-feira. O motorista de uma carreta não conseguiu frear e bateu em um guincho que atropelou os quatro manifestantes que haviam invadido a pista para protestar. Três pessoas tiveram ferimentos leves e uma, moderado.

Devido aos bloqueios, os Correios adotarão medidas alternativas para minimizar atrasos. A empresa informou que as entregas estão sendo feitas por transporte aéreo em alguns estados.