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A prova para o cargo de Fisioterapeuta, aplicada pela Secretaria Municipal de Saúde de Londrina no início do mês, teve 20% das questões canceladas. Os gabaritos finais, publicados na sexta-feira (26), já apresentam as perguntas que foram consideradas inválidas após análise dos recursos. Das 35 questões da prova, sete foram anuladas. Outras avaliações com números expressivos de questões desconsideradas após os recursos foram as de Condutor Socorrista e Enfermagem em Urgência e Emergência, com quatro anulações cada.

O concurso gerou polêmicas após candidatos terem encontrado nas provas aplicadas pela Prefeitura de Londrina questões idênticas às de outros processos seletivos realizados anteriormente em outros estados. Foram colocadas sob suspeita as avaliações para os cargos de Fisioterapeuta, Condutor Socorrista, Nutricionista, e Enfermeiro Auditor, o caso mais grave. Das 35 questões, 26 eram idênticas às de outros concursos - 15 delas eram iguais às de uma única prova realizada no Maranhão.

O cancelamento da prova para Enfermeiro Auditor havia sido recomendado no último dia 18 pelo Procurador-Geral do Município, Zulmar Fachin. A confirmação, porém, só veio na sexta, com a publicação no edital do concurso. A decisão de cancelar a prova foi tomada pela Comissão Examinadora do processo seletivo, formada por servidores municipais com formação escolar que varia desde a pós-graduação até o ensino médio.

A reportagem está tentando contato com o secretário Francisco Eugênio de Souza. Por volta do meio-dia, ele estava em reunião, e não atendeu o ceular.

Relembre o caso

Cerca de 75% das questões da prova aplicada para o cargo de Enfermeiro Auditor são idênticas às questões de concursos realizados em outros três estados brasileiros – Minas Gerais, Distrito Federal e Maranhão. O concurso promovido pela Prefeitura foi realizado mesmo após denúncias de que parte do conteúdo da prova poderia ter vazado.

A prova mineira foi elaborada pela Empresa de Seleção Pública e Privada. As questões do concurso candango fazem parte da prova aplicada para preenchimento de vagas no Hospital Regional de Santa Maria e as do Maranhão foram usadas pela Prefeitura Municipal de Vitorino Freire.

A prova para o cargo de Fisioterapia também é colocada sob suspeita pelos candidatos. Uma das questões aplicadas no concurso londrinense tem alternativas idênticas às da prova de um concurso de 2009 da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba.

A pergunta de número 2 do concurso promovido pela Prefeitura de Londrina, que avaliou os candidatos às vagas de Promotor de Saúde Pública no serviço de Fisioterapia, tinha quatro afirmações sobre movimentos involuntários. Destas, duas eram idênticas às presentes na questão 19 do processo seletivo paraibano. As outras duas apresentavam pequenas alterações na ordem das palavras.

Além das questões "clonadas", os candidatos também denunciaram a falta de códigos de barras nas folhas de gabarito para o preenchimento das respostas. O código é utilizado em concursos para garantir que as correções das provas sejam feitas de maneira rápida e segura, por meio da utilização de computadores. Sem o código de barras, a correção das provas deve ser feito de maneira manual.

O secretário municipal de Saúde, Francisco Eugênio de Souza, disse que "faltou vontade" à equipe responsável pela elaboração da avaliação e classificou a atitude de "copiar" como "não recomendável".

A elaboração da prova por uma equipe designada pela própria Secretaria Municipal de Saúde foi uma medida tomada pelo secretário para agilizar o concurso. "Não haveria tempo hábil para fazer uma licitação, mesmo que de graça. Se tivesse sido feita a contratação de uma empresa de fora, qualquer que fosse, estaríamos provavelmente terminando a licitação agora", explicou.

Membros do Conselho Municipal de Saúde disseram na quarta-feira (17) que muito antes da realização do concurso público da Saúde, o secretário já havia sido avisado sobre irregularidades no processo seletivo, mas que nenhuma providência foi tomada. As afirmações foram feitas durante reunião dos conselheiros na Câmara Municipal. O secretário sabia das irregularidades há pelo menos um mês e meio.

Na reunião, a conselheira do segmento de usuários, Rosecler Amarins, lembrou Souza de que há um mês e meio havia avisado que uma funcionária teria falado com ela sobre o vazamento de provas. "Comuniquei o secretário, mas ele queria que eu dissesse quem era a pessoa e isso não podia fazer."

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