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Brasília – Foi com um misto de surpresa e desconfiança que os dirigentes do PSDB e do PFL receberam o resultado da pesquisa CNT/Sensus, que apontou queda de mais de sete pontos porcentuais nas intenções de voto ao candidato da aliança, Geraldo Alckmin (PSDB), e registrou alta na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Esse levantamento está muito esquisito. Eu não dou credibilidade nenhuma a uma instituição contratada pelo governo", reagiu o senador Heráclito Fortes (PFL-PI). "Que diabo de pesquisa é essa que todo mundo já sabia do resultado há uma semana?", indagou, levantando a suspeita de que os números divulgados ontem foram uma encomenda do Palácio do Planalto.

Mais cauteloso, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), insistia na tese de que era preciso aguardar a nova rodada do Instituto Datafolha, que seria divulgada à noite. "Não sou de desacreditar em pesquisa, mas esta aí está muito estranha; não bate com os dados que nós temos", ponderou Tasso. O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), concordou: "Não sei se têm má-fé, ou se não sabem fazer pesquisa, mas o fato é que esse instituto erra sempre, desde o governo Fernando Henrique (Cardoso), e sempre jogando os números dos governos para cima".

Tasso e Virgílio almoçaram ontem com o coordenador da campanha de Alckmin, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). A avaliação do trio foi de que não há elementos novos que possam justificar uma queda tão acentuada na popularidade de Alckmin. "Do ponto de vista técnico, o instituto Sensus nunca foi respeitado", destacou Guerra.

O entendimento geral foi de que só haveria motivo de preocupação caso os números fossem confirmados por outro instituto, hipótese na qual nenhum dos três acreditava.

Com um comentário irritado e cara feia, Alckmin reagiu negativamente ao resultado da pesquisa. "Acho uma bela piada", afirmou o ex-governador tucano, com expressão fechada e cercado de cabos eleitorais gritando palavras de ordem, no Madureira Esporte Clube, em Madureira, um dos mais tradicionais bairros da zona norte da capital.

O tucano evitou atacar diretamente o instituto, mas questionou a seriedade da sondagem e disse que a divulgação não atrapalha em nada a sua campanha, "que vai bem".

"Eu não levo a sério, eu trato de assuntos sérios", disse o candidato. "Acho que é uma boa piada. Vamos tratar de coisa séria."

Alckmin afirmou que, na pesquisa Ibope, seu porcentual não caiu, apenas variou dentro da margem de erro.

Quando lembrado que os sete pontos do Sensus eram mais que isso, demonstrou contrariedade. "Mas você leva a sério isso? Eu acho uma bela piada. Só trato de coisa séria", insistiu.

Alckmin afirmou que é preciso muito cuidado com pesquisas e garantiu que sua campanha também tem pesquisas, mas com resultados diferentes. "O meu adversário aí do PT em torno de 40, 42, 43%; nós na faixa de 25, 27, 28, 29%; Heloísa Helena (PSol) na faixa de 11, 12%. E a campanha vai começar dia 15. Até agora é só treino."

Em defesa de sua posição, o ex-governador repetiu bordões comuns dos políticos em situações semelhantes.

"A campanha começa quando começa o horário eleitoral no rádio e na televisão. A pesquisa que vale é a da urna", declarou.

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