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A psicóloga que atendeu a menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, Lilian Araújo Paiva, desmentiu que tenha dado orientações ao pai da criança, André Marins, para que ele a amarrasse com fita crepe e a deixasse no chão. Lilian deu uma entrevista por telefone ao programa Mais Você, na manhã desta sexta-feira (8).

Joanna morreu no dia 13 de agosto, depois de ficar mais de 20 dias em coma. Segundo um laudo do Instituto Médico Legal (IML), ela estava com meningite. A menina também apresentava marcas nas nádegas e manchas roxas em outras partes do corpo, mas o documento foi inconclusivo em relação a isso, sugerindo que as marcas poderiam ter sido causadas por queimaduras de ação térmica ou química. A mãe da menina, Cristiane Marcenal, acusa André de ser o autor das marcas, que segundo ela, seriam de maus-tratos.

O pai da menina falou sobre a morte da filha na quinta-feira (7). Em coletiva para a imprensa, André Marins confirmou que amarrou as mãos da filha com fita crepe. A informação foi dada à polícia por uma babá que cuidou da menina na casa dele.

Segundo ele, a medida foi tomada por orientação de uma psicóloga porque a filha sofria de "terror noturno" e tinha um sono muito agitado e com transtornos motores.

Menina chegou a desmaiar, segundo psicóloga

A psicóloga desmentiu o pai: "De forma nenhuma eu falei que ele amarrasse as mãos, ou que as mãos tivessem que ficar presas da forma como ele mostrou ali. A questão da luvinha, ele me perguntou se eu poderia fazer durante a noite, enquanto ela estivesse dormindo, e eu falei que se ela estava se machucando, pra ele colocar a luvinha. Mas de forma nenhuma de amarrar a criança. Nunca orientaria isso. Isso não foi orientado em momento algum do atendimento de Joanna. Isso não aconteceu."

Ela contou que nas três primeiras consultas que fez a Joanna a menina estava bem, mas que nas últimas duas o estado da menina não era bom. As três primeiras vezes que eu conversei com Joanna ela estava bem. Estava fisicamente bem, não estava magra, acabada, não estava doente. Estava bem. Os três primeiros atendimentos foram para gente criar um vínculo, eu estava explicando para ela o que era terapia, o que ia ser feito. Inclusive ela me falou que já tinha feito, que gostava. Então os três atendimentos iniciais eu estava criando um vínculo com a Joanna. Para que ela me conhecesse, para que eu a conhecesse. Então os dois últimos atendimentos a Joanna já estava bem debilitada. Aí sim ela já estava machucada, estava doente", disse Lilian.

A psicóloga também contou um episódio em que a menina desmaiou em casa: "Eles me chamaram para ir a casa deles num dia, porque ela estava vomitando, desmaiando. E nesse dia ela estava muito debilitada, e ela estava querendo somente colo. Esses dois últimos atendimentos ela pedia colo e me pediu que eu desse carinho nela e ficasse com ela no colo. E foi o que eu fiz, nos dois últimos atendimentos eu dei colo e dei carinho, eu acho que era o que ela estava precisando mesmo."

E disse como foi a última consulta que deu a Joanna, antes de a menina ser internada: "Nós não conseguimos aprofundar a nossa conversa. Ela realmente se demonstrava triste, também acredito que por toda a história dela de vida, do litígio dos pais, dessa separação abrupta da mãe. Então acredito que ela estivesse triste por isso, mas em momento nenhum ela verbalizou o sentimento dela, o que ela estava sentindo, em nenhum momento ela verbalizou."

"Ela chegou no dia 16 de julho eu coloquei uma música de relaxamento e pedi a ela que ficasse deitadinha, que fechasse os olhos e tentei fazer um relaxamento. E ela falou ‘eu estou com muita dor de cabeça, deixa eu ficar no seu colinho?’ E nesse dia eu fiquei só com ela no colo e falei ‘tudo bem, então. Vou ficar fazendo um carinho em você.’" E eu fiquei com ela no colo o período inteiro da sessão. Foi no colo e fazendo carinho nela."

A produção do programa Mais você tentou entrar em contato com o advogado do pai, mas não conseguiu falar com ele.

Investigações

O delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), ainda não terminou o inquérito que investiga a morte de Joanna. A polícia avalia a possibilidade de indiciar André Marins por maus-tratos ou tortura.

"Eu não posso ser imputado por uma coisa que não aconteceu. Não há nem crime. O IML concluiu que o roxo era resultado das convulsões e depois foi inconclusivo em relação às marcas nas nádegas. O laudo não foi capaz de apontar a origem. É muito prudente o delegado formular novos quesitos para que não paire duvidas ou suposições", defendeu-se André.

Manchas causadas por remédioNa quinta, ele negou as acusações da ex e explicou que as manchas nas nádegas da filha foram resultado de alergia a mosquito e da abstinência a um medicamento de uso controlado. Ele disse que só soube que a filha tomava esses remédios após sua internação.

"Ela já estava há mais de um mês sem tomar esse remédio, aliás eu desconhecia que ela tomava qualquer tipo de medicamento de uso controlado. Quando estava internada, descobri que a abstinência do medicamento causava um descontrole para evacuar. Esse contato das fezes com as nádegas causou essa alergia. Depois, ela também teve alergia a uma fralda e a uma pomada", contou.

R$ 3 mil de recompensa por falso médicoAndré atribuiu a morte da filha ao falso médico que a atendeu e segue foragido da Justiça. A médica que o contratou foi presa. Segundo o pai da menina, o caso de Joanna tinha solução, mas o tratamento foi inadequado. André diz ainda que está oferecendo uma recompensa de R$ 3 mil por pistas e informações que levem ao paradeiro do estudante de medicina.

"Por que a polícia não está em busca do falso médico? Ele é o acusado pela morte da minha filha. Acho que houve omissão da polícia no sentido de efetuar a prisão. Vamos agir por nossa conta própria porque o Poder Público não está se esforçando para prendê-lo. O caso da minha filha tinha solução se ela não tivesse sido atendida por falso médico ou médico que não deu atenção. Isso põe fim a qualquer suposição que minha filha tenha sofrido maus-tratos por mim. O laudo não estabeleceu relação com supostos eventuais maus-tratos", diz André.

"Eu vou perseguir as pessoas que me caluniaram e difamaram, judicialmente, civil e criminalmente. Inclusive a faxineira que trabalhou três dias como diarista na minha casa. Nós nunca tivemos babá. Ela foi dispensada porque o serviço não foi satisfatório, agora ela conta essa história absurda e caluniosa. Ela não tem como provar e nem vai conseguir porque esses fatos não ocorreram", disse o pai.

Em meados de setembro, uma babá que trabalhava na casa de Andre afirmou à polícia que a viu em condições de maus-tratos. De acordo com informações passadas pela delegacia, a funcionária disse em depoimento que encontrou a menina em um quarto, amarrada com fitas nos pés e nas mãos, suja de fezes e xixi.

Na última terça-feira (5), o procurador-geral do Rio, Cláudio Lopes, determinou a reabertura de um inquérito policial de 2007 que investigava uma outra denúncia de agressão feita pela mãe de Joanna contra André. Segundo o defensor público, na época da investigação o IML atestou lesões na menina como contundentes. O pai nega as acusações.

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