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Os psiquiatras Dagoberto Re­­quião, ex-diretor do Hospital Nossa Senhora da Luz , e Marco Antônio Bessa, presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, criticaram a vinculação do atendimento em comunidades terapêuticas ao trabalho nos Centros de Atenção Psi­cossocial para Dependentes Quí­micos (Capsad).

O receio é que a ação seja apenas uma solução paliativa para um "erro que começa na política nacional do Ministério da Saúde" de, segundo eles, "acabar com os leitos em hospitais psiquiátricos". Atualmente, são 3.266 leitos em todo o Paraná e 445 em Curitiba – 145 específicos para a dependência química. Quanto a eles não há qualquer previsão de ampliação, segundo as secretarias Estadual (Sesa) e Mu­­nicipal de Saúde (SMS). As diárias, defasadas, também não terão reajustes. Estão, em média, em R$ 45, com base em dados da As­­sociação Brasileira de Psiquiatria (ABP), quando deveriam estar em R$ 97,58, no mínimo. "Eles querem acabar com os hospitais psiquiátricos e agora vemos o desastre que está aí", diz Bessa. "Uma co­­muni­dade só é terapêutica se houver um corpo médico que trate as pessoas. A maioria das comunidades não têm essa estrutura. Se a responsabilidade delas será apenas de proteção social então não podem ser chamadas de terapêuticas", frisa.

Requião também se preocupa com a qualidade dos serviços prestados, já que nos próprios Caps, que seriam responsáveis pelo tratamento médico dos dependentes, há falta de profissionais experientes e qualificados para um diagnóstico preciso, que considere também a associação de outras patologias psiquiátricas, como a depressão e a esquizofrenia. "O maior perigo é considerar somente a droga. Se a patologia que está junto não for tratada, dificilmente o paciente se manterá em abstinência. O grande desafio é a capacitação das equipes. O que farão com um paciente em crise convulsiva, que traz um alto risco de morte, ou com um quadro de psicose por abstinência? Quem, nessas instituições, é preparado para tratar um paciente nessas condições?"

Outro lado

A coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde, Cristiane Venetikides, diz que a reunião mensal do Conselho Mu­­nicipal Antidrogas hoje será a primeira oportunidade para que a sociedade médica e terapêutica discuta a nova proposta. "A medida de vincular vagas em comunidades ao atendimento nos Caps era uma necessidade de política governamental. A discussão sobre essa proposta será aberta nos fóruns apropriados, como o Conselho."

O secretário Antidrogas, Nazir Chain, diz que há intenção de capacitar todas as comunidades terapêuticas de forma uniforme, para que o atendimento dado seja padronizado, mas como isso será feito ainda está sendo discutido.

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