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São Paulo – O PT admitiu ontem que deverá fazer alianças nas eleição presidencial de 2010. No terceiro e último dia do 3.º Congresso Nacional do PT, o partido aprovou texto que, alinhado com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, propõe um amplo debate interno que resultará na construção de uma candidatura petista "capaz de liderar, juntamente com outros partidos, uma ampla aliança partidária e social e vencer as eleições de 2010". Um adendo ao texto, lido no intervalo entre outras votações pelo presidente do PT, Ricardo Berzoini, deixa clara a intenção do partido em dialogar com a base aliada sobre a sucessão de 2010.

"Acho que todos reconheceram que era importante votar de maneira unitária essa questão para não passar qualquer recado pesado. O PT tem vocação para ser candidato, mas precisa de aliados", disse Berzoini, acrescentando ainda que a escolha de um candidato obrigatoriamente petista "não dá uma mensagem boa à política de alianças".

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, que foi ovacionado na abertura do congresso , defendeu que o partido, "para o bem do Brasil", apresente apenas um nome para vice na chapa presidencial de 2010 caso, até lá, não haja consenso em torno de um petista forte para suceder o presidente Lula. "Não significa que o PT não queira ter candidato ou uma candidata. Já que temos duas companheiras na chapa, como prováveis candidatas. Tanto a ministra Dilma como a Marta. Mas o partido tem que servir primeiro ao Brasil. Primeiro ao Brasil, depois um projeto político, depois a si mesmo", afirmou Dirceu.

Ética

A criação de um código de ética foi defendida ontem pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, e aprovada por unanimidade pelo Congresso. Houve resistência a essa proposta no ano passado, quando a legenda estava em meio a crise política. "O partido tem um Conselho de Ética, mas não tem um código. Como o partido sempre buscou renovar a prática política brasileira, é preciso superar essa lacuna", defendeu o deputado Luiz Eduardo Martins Cardozo (PT-SP).

Ainda durante o encontro, ficou decidido que os 900 mil filiados do PT vão às urnas nos próximos dias 2 e 16 de dezembro – em primeiro e segundo turnos – para eleger o novo presidente nacional do partido e os demais cargos das direções partidárias em todos os níveis.

A antecipação do Processo de Eleição Direta (PED) foi decidida ontem e já era esperada. O objetivo principal é dar uma saída "honrosa" a Berzoini, alvo de investigação na Polícia Federal por estar envolvido no caso da suposta compra de um dossiê de campanha contra candidatos tucanos nas eleições de 2006, por R$ 1,7 milhão em dinheiro, de fonte não identificada. Por causa desse caso, ele foi afastado no ano passado, mas voltou ao cargo novamente por decisão dos dirigentes do partido e a aprovação de Lula. Sobre o tema, Berzoini desconversou e disse apenas que a eleição de novos dirigentes para o partido promoverá a "oxigenação" da sigla.

O partido aprovou ainda projeto de resolução que pede à Procuradoria-Geral da República "agilidade" na instauração no Supremo Tribunal Federal (STF) das ações relativas ao uso de caixa 2 e de dinheiro público na campanha do tucano Eduardo Azeredo à reeleição do governo de Minas Gerais, em 1998. Azeredo foi presidente nacional do PSDB e hoje é senador pelo partido. Ele recorreu ao mesmo esquema de financiamento de campanhas do empresário Marcos Valério, usado também pelo PT durante o processo do mensalão.

No sábado, Lula discursou no congresso e pediu apoio dos petistas aos integrantes do partido que viraram réus no inquérito do mensalão. Lula lembrou que nenhum deles ainda foi condenado.

A resolução contra Azeredo do PT foi apresentada pelo secretário de comunicação do partido, Gleber Naime, e pelo deputado Rogério Corrêa (MG), argumentando que "a Polícia Federal já finalizou o inquérito, comprovando a denúncia e a remeteu à Procuradoria-Geral da República, o que impõe a sua completa elucidação nos canais judiciais competentes."

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